quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pais Mais Corrupto do Mundo

A ONG Transparência Internacional divulgou nesta terça-feira seu relatório anual de percepção de corrupção no mundo. O ranking reúne 180 países, classificados em um índice de 0 a 10, calculado a partir de pesquisas de 13 organizações. A ONG chamou a atenção para os efeitos da crise financeira internacional, dos pacotes bilionários de ajuda dos governos para reativar as economias e dos conflitos armados sobre as práticas ilegais com recursos públicos. "Em uma época em que enormes pacotes de estímulo, rápidos desembolsos de fundos públicos e tentativas de garantir a paz estão sendo implementados em todo o mundo, é essencial identificar onde a corrupção bloqueia a boa governança e prestação de contas, para que se quebre seu ciclo corrosivo", disse Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional.



A nota mais alta no ranking deste ano foi conferida à Nova Zelândia (9,4) e a mais baixa à Somália (1,1). Nas Américas, O Canadá foi o mais bem rankeado, seguido pelos Estados Unidos, enquanto o Haiti manteve-se na última colocação. O Brasil --que no ano passado aparecia em 72º-- foi classificado em 75º lugar, com índice 3,7, ligeiramente mais alto que os 3,5 anteriores. No ano passado, o ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) criticou o relatório, dizendo que merecia tanta credibilidade quanto os índices de risco dos bancos de investimento que haviam falido pouco antes em meio à crise financeira. Ele também questionou o fato de que o índice concentrar os níveis federal, estadual e municipal.



A Transparência Internacional explica que o índice não é uma medição real da corrupção em cada país, mas da forma como os governos são vistos por analistas e por homens de negócios. As pesquisas que servem de base ao relatório foram feitas por instituições como o Banco Mundial, o Fórum Econômico Mundial, os Bancos de Desenvolvimento da África e da Ásia e por centros de pesquisa privados como o Economist Inteligence Unit e Global Insight. A ONG orienta que não se comparem os números e as posições no ranking de ano a ano como indicadores de evolução no combate à corrupção, pelo caráter de percepção que está na base do relatório, e porque os índices refletem pesquisas feitas em um intervalo de até dois anos.



Mais corruptos



Na base da lista deste ano, permanecem Estados frágeis e instáveis marcadas pela guerra e pelo conflito interno: à Somália, seguem-se o Afeganistão, com índice 1,3, Mianmar, com 1,4 e Sudão e Iraque empatados com 1,5. Esses resultados demonstram, segundo o relatório, que os países que são percebidos como os mais corruptos são também os afetados por longos conflitos, que abalam suas infraestruturas de governabilidade. A responsabilidade dos países industrializados, de acordo com a ONG, está em suas fronteiras e na atuação de suas empresas multinacionais, citadas no relatório como muitas vezes envolvidas em práticas indevidas no exterior.



A colaboração internacional contra a corrupção também é destacada no relatório, que elogia medidas de restrição a paraísos ficais empreendidas neste ano pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). "O dinheiro da corrupção não deve encontrar um refúgio seguro. É tempo de pôr fim às desculpas", disse Labelle, segundo a ONG. "O trabalho da OCDE nesta área é bem-vindo, mas deve haver mais tratados bilaterais para intercâmbio de informações para encerrar inteiramente o regime de sigilo. Ao mesmo tempo, as empresas devem encerrar suas atividades nos centros financeiros proscritos".



Como orientação geral, a ONG defende um fortalecimento institucional do Estado, e a abertura para a fiscalização feita pela sociedade. "Deter a corrupção requer uma forte supervisão dos Parlamentos, um Judiciário eficaz, agências anticorrupção e de auditoria independentes e com recursos adequados, vigorosa aplicação da lei, transparência nos orçamentos públicos, nos fluxos de receitas e de ajuda [externa], bem como espaço para meios de comunicação independentes e uma sociedade civil dinâmica", afirma a diretora da Transparência internacional, no texto de divulgação do relatório.


Fonte: MS Notícias

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