sexta-feira, 28 de maio de 2010

Arquitetura brasileira


архитектура БразилииA produção arquitetônica brasileira desenvolveu-se sob um processo cultural complexo, e os arquitetos, imigrantes e brasileiros, sempre contribuíram para a ruptura das formas e estilos consagrados. A arquitetura foi expressão de progresso e instrumento para a modernização durante os períodos Colonial, Imperial e Republicano. Contou com o apoio dos governantes - a partir de 1808, com o rei de Portugal, D. João VI, prosseguindo com os imperadores D. Pedro I e D. Pedro II e, mais tarde, desde o ditador Getúlio Vargas até o presidente Juscelino Kubitschek. Mereceu também o apoio de intelectuais e artistas que atuaram na Semana de Arte Moderna, em 1922, no Salão de 31, no Cinema Novo, em 1960, e na resistência à ditadura militar, nas décadas de 70 e 80.
As condições e as principais origens da modernidade na configuração do espaço físico-político brasileiro foram determinadas pela importância do papel da ocupação holandesa na formação das cidades do Recife e de São Luís, no século XVIII, e pela consolidação, no século XIX, das propostas da Missão Francesa, na cidade do Rio de Janeiro, com as "sagas" de Grandjean de Montigny e de Pereira Passos, nos primórdios do século XX.
A criação da Academia Imperial de Belas Artes e o estabelecimento do ensino regular de arquitetura propiciaram, em meados do século XIX, a renovação do barroco - transformado em signo rococó da fase colonial de raiz lusa - e a implantação do formalismo oficial, com o neoclassicismo.
Em 1904, a inauguração da avenida Central, atual Rio Branco, no Rio de Janeiro, institui a técnica da produção industrializada por meio do ecletismo. As fachadas adornadas de elementos pré-fabricados traduzem o imaginário feérico dos imigrantes e resultam em híbridos e polifônicos estilos típicos da fase republicana inicial. Denominados também historicistas e pinturescos de feição neoclassicizante, renascentista e gótica, com inspiração mourisca, anglo-saxônica, italiana e francesa, os edifícios ecléticos exprimem a internacionalização da economia e do comércio no Brasil.
A arquitetura do século XX é inaugurada em São Paulo, em 1902, com a Vila Penteado, de Carlos Eckman, e com a construção da Estação da Estrada de Ferro Sorocabana, em Mairinque, projetada em 1907 por Victor Dubugras. O modern style que Eckman e Dubugras ostentaram nessas e em outras obras apresentou-se sob dupla faceta: o art nouveau e o art déco. Essas tendências do fragmentário e descontínuo "estilo moderno" inicial, ou protomodernismo, multiplicaram as contradições da nação neófita ao contrapor a técnica artesanal da criatividade cristalizada à racionalidade industrial da produção em série.
Simultaneamente, o estilo neocolonial, introduzido pelo arquiteto português Ricardo Severo, expressava as "constantes de sensibilidade" luso-ibéricas. Nesse nativismo predominavam as formas do mission style californiano e do marajoara, enquadrado na condição de vertente do art déco. O período de transição, prolongado até a Segunda Guerra Mundial, destaca a féerie de cenários e estilos improvisados, mas algumas experiências de transformações estilísticas excepcionais foram construídas, no Rio de Janeiro, por empreiteiros italianos, ingleses e alemães, a partir das concepções dos arquitetos Virzi, Morales de Los Rios, Heitor de Melo, Archimedes Memória, Francisque Couchet e Gastão Bahiana.
A hegemonia cultural e política do eixo Rio-São Paulo provocou, nessas cidades, empreendimentos progressistas de renovação da fisionomia urbana e regional, que se expandiram para as demais regiões. A contínua modernidade urbanística e, conseqüentemente, arquitetônica, revela-se na transferência das capitais do Piauí (para Teresina, em 1852) e de Sergipe (para Aracaju, em 1855); na criação das cidades de Belo Horizonte (1894) e Goiânia (1933) e nos planos pilotos de João Pessoa (1932) e Salvador (1945), capitais dos estados de Minas Gerais, Goiás, Paraíba e Bahia, respectivamente.
Em 1926, o urbanismo "renovador" reprisa a Paris iluminista de Haussman no projeto do francês Alfred Agache para a remodelação e embelezamento da cidade do Rio de Janeiro. Convidado pelo governo, o urbanista estabelece na América portuguesa o padrão clássico das capitais modernas européias e altera radicalmente a morfologia e tipologia das fases anteriores.
O fenômeno movimento modernista na arquitetura brasileira teve sua "fase heróica" entre 1930-45. Neste período, alguns arquitetos de renome, ao atenderem às necessidades de expansão e importação/exportação de uma "arquitetura de renovação", colocaram o País entre os primeiros no ranking internacional da indústria da construção civil e difundiram a homogeneização do espetáculo urbano caracteristicamente cambiante e contingente.
As transformações da arquitetura brasileira foram determinadas pelo arquiteto russo Gregori Warchavchik - graduado em Milão e contratado pelo grupo Simonsen para trabalhar na cidade de São Paulo, no final da década de 20. O marco inicial destas transformações foi o projeto e a construção da Casa Modernista, seguido pela publicação do texto-manifesto Futurismo, a condição de representante do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) e as classes de arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, ministradas sob a direção do arquiteto Lucio Costa, com o qual estabeleceu escritório no Rio de Janeiro, entre os anos 30 e 32.

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