ARMAS E AÇÚCAR
O obscuro mundo dos
contratos paralelos
Mais governos estão insistindo na ideia de que fabricantes de armas
invistam em negócios paralelos para que possam desenvolver
seu setor. Esta é uma péssima ideia
Imagine um cenário em que a Apple só pode vender iPhones no Brasil
caso destine 20% de sua receita estimada no país a investimentos em
empresas de tecnologias locais. Isso pode parecer absurdo, mas é o que
acontece quando governos compram armas de fornecedores estrangeiros.
Em contratos de aquisição de equipamentos é praxe complementar o
negócio principal com um contrato paralelo, em geral confidencial,
que estipula investimentos adicionais que o vencedor deve fazer em
projetos locais ou então pagar uma multa. Bem-vindo ao obscuro
mundo das “contrapartidas”.
A prática surgiu na década de 50, quando Dwight Eisenhower forçou a
Alemanha Ocidental a comprar equipamentos de defesa americanos para
compensar os custos de manter tropas lotadas na Europa. Desde então
o expediente se disseminou continuamente e agora é praticado em 120
países; há um periódico próprio da área e um circuito de conferências
agitado. A última reunião, organizada pela Global Offset and Countertrade
Association, aconteceu na semana passada, na Flórida.
Executivos de defesa, funcionários públicos e intermediários se reuniram sob
previsões de que o setor pode dobrar de tamanho nos próximos anos.
No entanto sua própria estrutura serve para escamotear um aumento
nos passivos financeiros desconhecidos das empresas. Tal prática,
argumentam seus críticos, também fomenta a corrupção, sobretudo
em países pobres.
*Texto traduzido e adaptado da Economist por Eduardo Sá
FONTE OPINIÃO & NOTICIA
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