sexta-feira, 29 de abril de 2016

UM POUQUINHO DE UM PAIS CHAMADO BRAZIL FORA GOLPISTAS

Gravação mostra procuradores da

 Lava Jato tentando induzir depoimento

Postado em 28 de abril de 2016 às 6:51 pm

Do Conjur:

Ameaçar testemunhas com o intuito de influenciar o resultado de
 uma investigação criminal configura crime de coação no curso do
 processo, previsto no artigo 344 do Código Penal, já decidiu o Tribunal 
de Justiça do Distrito Federal. No entanto, é difícil imaginar qual é 
o possível desfecho quando a atitude é do próprio Ministério Público Federal.
Ameaças veladas, como “se o senhor disser isso, eu apresento
 documentos, e aí vai ficar ruim pro senhor”, que poderiam estar
 em um filme policial, foram feitas em plena operação “lava jato”.
 E em procedimento informal, fora dos autos.
O cenário é uma casa humilde no interior de São Paulo. Quatro 
procuradores batem à porta e, atendidos pelo morador — que
 presta serviços de eletricista, pintor e jardinagem em casas e 
sítios—, começam a questionar se ele trabalhou no sítio usado
 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se conhece um 
dos donos do imóvel, o empresário Jonas Suassuna. Ao ouvirem 
que o homem não conhecia o empresário nem havia trabalhado no
 local, começam o jogo de pressões e ameaças:
Procurador: Quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por 
exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente pra depor 
daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas…
Interrogado: Dessas… Sobre o quê?
Procurador: Sobre, por exemplo, o senhor já trabalhou no sítio
 Santa Barbara?
Interrogado: Não trabalho.
Procurador: O senhor já conheceu o senhor Jonas Suassuna?
Interrogado: Nunca… Nunca vi.
Procurador: O senhor já fez algum pedido pra ele em algum lugar?
Interrogado: Nem conheço.
Procurador: Então, por exemplo, aí eu te apresento uma série de 
documentações. Aí fica ruim pro senhor, entendeu?
A conversa foi gravada pelo filho do interrogado, um trabalhador 
da região de Atibaia. Os visitantes inesperados eram os 
procuradores do Ministério Público Federal Athayde Ribeiro Costa,
 Roberson Henrique Pozzobon, Januário Paludo e Júlio Noronha.
Nas duas gravações, obtidas pela ConJur, os membros do MPF 
chegam na casa do “faz tudo” Edivaldo Pereira Vieira. Sutilmente
, tentam induzi-lo, ultrapassando com desenvoltura a fronteira 
entre argumentação e intimidação, dando a entender que dizer
 certas coisas é bom e dizer outras é ruim.
Na insistência de que o investigado dissesse o que os procuradores 
esperavam ouvir, fazem outra ameaça velada a Vieira, de que
 ele poderia ser convocado a depor e dizer a verdade.
Procurador: É a primeira vez, o senhor nos conheceu agora,
 e eventualmente talvez a gente chame o senhor pra depor
 oficialmente, tá? Aí, é, dependendo da circunstância nós
 vamos tomar o compromisso do senhor, né, de dizer a 
verdade, aí o senhor que sabe…
Interrogado: A verdade?
Procurador: É.
Interrogado: Vou sim, vou sim.
Procurador: Se o senhor disser a verdade, sem, sem problema nenhum.
Interrogado: Nenhum. Isso é a verdade, tô falando pra vocês.
Procurador: Então seu Edivaldo, quero deixar o senhor bem
 tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor
 oficialmente pra depor daqui a alguns dias, e você chegar 
lá pra mim e falar uma coisa dessas…
Ao baterem à porta de Vieira, um dos procuradores diz: “Ninguém 
aqui tá querendo te processar nem nada, não”.
No entanto, o nome de Pereira Vieira aparece na longa lista de 
 etapa da operação “lava jato”, que investiga se o ex-presidente 
Lula é o dono de sítio em Atibaia, assinado pelo juiz Sergio
 Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Ao se despedirem, deixando seus nomes e o telefone escritos a 
lápis numa folha de caderno, os membros do MPF insistem que o
investigado escondia algo e poderia “mudar de ideia” e decidir falar:
Procurador: Se o senhor mudar de ideia e quiser conversar com
 a gente, o senhor pode ligar pra gente?
Interrogado: Mudar de ideia? Ideia do quê?
Procurador: Se souber de algum fato.
Interrogado: Não…
Procurador: Se você resolver conversar com a gente você liga
 pra gente, qualquer assunto?
Interrogado: Tá.

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