quinta-feira, 28 de junho de 2012

livro O Brasil sob a ótica francesa


Escrever a história do Brasil não consiste em traçar uma evolução retilínea
 e determinista do que seria um “destino nacional”, porque ao contrário de
 uma ideia imutável, nada é mais volátil do que a história como disciplina,
 relato de sua época e sujeita a revisões constantes.
Nesse contexto em A nova história do Brasil recém-publicado pela editora
 Gryphus, 269 páginas, R$ 39,90, a professora e conferencista de história
 contemporânea na Universidade de Paris IV-Sorbonne, Armelle Enders, 
aborda desde a pré-história do país até o início do segundo mandato de
 Luís Inácio Lula da Silva, com ênfase na diversidade e contradições da
 sociedade brasileira. Este livro, primorosamente editado, constitui, 
sem dúvida, uma valiosa contribuição à historiografia brasileira.
A primeira parte de A nova história do Brasil analisa o “Brasil antes do
 Brasil”, ou seja, o longo período que precedeu a Independência de 1822
 quando o país se tornou um Estado-nação, com suas dimensões 
continentais. Em seguida, Enders faz um relato sobre a construção do 
Brasil e a formação dos brasileiros nas décadas de 1820 a 1930. Nessa
 linha do tempo linear, na terceira parte do livro “Os Caminhos da 
Democracia e do Poder na Década de 1930 ao ano 2000”, a autora 
descreve, entre outros temas, a República de 1946, a invenção do
 trabalhismo, os militares no poder e a transição democrática. Por fim, 
no último capítulo “Brasil, país do mundo” vemos a criação do Mercosul,
 em 1991, e a inserção do Brasil no mundo globalizado.
A história do Brasil constitui um excelente exemplo para observar que a 
fragmentação do mundo não é um fenômeno atual. A construção do país 
resultou de um processo bem mais complexo do que a relação de
 dependência da Europa e, a partir do século XVI, o Brasil foi ponto de
 confluência de homens vindos de lugares diferentes onde se entremearam
 as influências culturais diversas.
Em uma entrevista concedida em Paris ao jornal Folha de São Paulo,
 em 27 de março de 2000, a historiadora disse que o famoso “jeitinho
” brasileiro encontra justificativa na história política recente do Brasil. 
O convívio com um Estado instável e sem “tradição enraizada de 
prestação de serviços” fez com que a sociedade adquirisse “capacidade 
de mudança e criatividade” para superar as deficiências do Estado.
Além disso, a colonização “singular” do Brasil ajuda a explicar aspectos
 da sua atual formação política e social. As peculiaridades desse “jeitinho”
, da “criatividade”, do Brasil complexo e da diversidade social, étnica e 
cultural desse “país mestiço” são analisadas com grande rigor acadêmico 
em A nova história do Brasil.
Armelle Enders é autora também de A história do Rio de Janeiro publicada 
com sucesso pela mesma editora.
OPINIÃO&NOTICIA
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