quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ano 2020: A extinção dos professores.


O ano é 2020 D.C. - ou seja, daqui
a nove anos - e uma conversa entre
avô e neto tem início a partir da
seguinte interpelação: 


Vovô, por que o mundo está acabando? 

A calma da pergunta revela a
inocência da alma infante. E no
 mesmo tom vem a resposta: 


Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo. 

Professores? Mas o que é isso? O que fazia um
professor?
 

O velho responde, então, que professores
eram homens e mulheres elegantes e
 dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história,
 entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.


Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios? 

Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios.
Apenas alguns, os grandes professores, que
 ensinavam outros professores, e eram amados
 pelos alunos.
 

E como foi que eles desapareceram, vovô? 

Ah, foi tudo parte de um plano secreto e
genial, que foi executado aos poucos por
alguns vilões da sociedade
. O vovô não se
lembra direito do que veio primeiro, mas sem
 dúvida, os políticos ajudaram muito. 
Eles aca
baram com todas as formas de avaliação

 dos alunos, apenas para mostrar 
estatísticas de aprovação. Assim,
 sabendo ou não sabendo alguma 
coisa, os alunos eram aprovados.
 Isso liquidou o estímulo para o estudo e 
apenas os alunos
mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.
 

Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a
 ser vistos como empregados de seus filhos.

 Estes foram ensinados a dizer "eu estou pagando e
você tem que me ensinar", ou 
"para que estudar
se meu pai não estudou e ganha muito mais
do que você"
 ou ainda "meu pai me dá mais de
mesada do que você ganha". Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas.
 Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensa
lidades que na qualidade do ensino, quando 

recebiam reclamações dos pais, pressionavam 
os professores,
 dizendo que eles não estavam conseguindo

 "gerenciar a relação com o aluno". 
O professores eram vítimas
da violência - física, verbal e moral - que
lhes era destinada por pobres e ricos.
 Viraram saco de pancadas de todo mundo.


Além disso, qualquer proposta de ensino sério 
e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais
 com a aprovação do filho no vestibular, para
 qualquer faculdade que fosse. "Ah, eu quero
 saber se isso que vocês estão ensinando vai
 fazer meu filho passar no vestibular", diziam 
os pais nas reuniões com as escolas. E assim, 
praticamente todo o ensino foi orientado para
 os alunos passarem no vestibular. Lá se foi 
toda a aprendizagem de conceitos, as
 discussões de idéias, tudo, enfim, virou
 decoração de fórmulas. Com a Internet,
 os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram
 acessíveis a todos, e nunca mais ninguém 
precisou ir à escola para estudar a sério.

Em seguida, os professores foram desmoralizados.Seus salários foram
 gradativamente sendo esquecidos e ninguém 
mais queria se dedicar à profissão. Quando 
alguém criticava a qualidade do ensino, 
sempre vinha algum tonto dizer que a culpa 
era do professor. As pessoas também se
 tornaram descrentes da educação, 
pois viam que as pessoas "bem 
sucedidas" eram políticos e 
empresários que os financiavam,
modelos, jogadores de futebol,
 artistas de novelas da televisão - 
enfim, pessoas sem nenhuma
 formação ou contribuição real
 para a sociedade.

ATENÇÃO: Qualquer semelhança
 com a situação deste País ultrajado
 e saqueado por políticos quadrilheiros
 e mafiosos, não é mera coincidência.

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