“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo
ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de
precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a
ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência
de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para
a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores,
nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos
estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já
dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas
tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente,
em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações
foram as tuas? Ó tempos, ó costumes!” Este texto, extraído das
Catilinárias de Cícero, fazia parte do estudo da língua latina,
em Seminários e Liceus, “nos anos 30, 40 e 50”, anos do “ ‘velho’
e ‘bom ‘ ensino secundário”, nos cursos ginasial e colegial
(clássico e científico). Cícero, inigualável tribuno romano, moveu
Catilina a admitir seus erros: “É tempo, acredita-me, de mudares
essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás
apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós
mais claros que a luz do dia.” Proferiu suas “invectivas” contra Catilina,
também Senador, diante dos absusos e conspirações que praticava
em Roma. “Se Catilina permanecia no Senado, não era apenas a
vontade própria que o sustentava, mas sobretudo a cumplicidade
dos que teriam a perder, com a renúncia dele, proveitos políticos.
” Daí a exclamação de Cícero: ‘Em que país do mundo estamos nós,
afinal? Que governo é o nosso?’ ” “Oh tempora, oh mores”
(Ó tempos, ó costumes!)
A indignação verbalizada do tribuno romano, contra personagens
e costumes de seu tempo, ecoou, ao longo da história. Com efeito,
sempre houve pessoas e instituições que se tornaram paladinas
da cidadania e da justiça, diante de condutas de indivíduos e de
costumes da sociedade, incompatíveis com a dignidade humana e o
direito das pessoas. Também hoje identificam-se personagens e
registram-se fatos na sociedade que continuam abusando
“da nossa paciência”, dado que seus costumes ferem o direito
dos cidadãos. Felizmente, Cícero continua tendo seguidores:
há políticos sérios, gestores honestos, cidadãos conscientes;
há instituições públicas de defesa da ordem jurídica e da cidadania,
bem como entidades privadas e associações civis que têm seu olhar
vigilante em torno da prevalência da ética e da verdade. A imprensa
livre faz a leitura e é a voz da sociedade, ao registrar fatos
que enaltecem ou denigrem a vida do povo. Graças aos recursos
da telecomunicação e à versatilidade da internet, a tribuna de
Cícero no Senado Romano transformou-se numa tribuna
“urbi er orbi” (para a cidade e para o mundo).
Não obstante essa presença e ação educativa, avoluma-se,
no Brasil, o registro de casos de corrupção, tendo como personagens
empresários e autoridades da União, Estados e Municípios.
Na ânsia de ganhos financeiros desmesurados, vêm à tona
outros casos de corrupção. No âmbito do poder público, com mais
um escândalo de desvio de recursos públicos, com fins escusos,
desta vez, no Ministério do Esporte, e da iniciativa privada, com
a importação e venda de lixo hospitalar, proveniente dos
Estados Unidos, no Nordeste e em outras Regiões. Como Cícero,
a sociedade deve gritar: “Ó tempos, ó costumes!”
ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de
precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a
ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência
de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para
a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores,
nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos
estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já
dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas
tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente,
em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações
foram as tuas? Ó tempos, ó costumes!” Este texto, extraído das
Catilinárias de Cícero, fazia parte do estudo da língua latina,
em Seminários e Liceus, “nos anos 30, 40 e 50”, anos do “ ‘velho’
e ‘bom ‘ ensino secundário”, nos cursos ginasial e colegial
(clássico e científico). Cícero, inigualável tribuno romano, moveu
Catilina a admitir seus erros: “É tempo, acredita-me, de mudares
essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás
apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós
mais claros que a luz do dia.” Proferiu suas “invectivas” contra Catilina,
também Senador, diante dos absusos e conspirações que praticava
em Roma. “Se Catilina permanecia no Senado, não era apenas a
vontade própria que o sustentava, mas sobretudo a cumplicidade
dos que teriam a perder, com a renúncia dele, proveitos políticos.
” Daí a exclamação de Cícero: ‘Em que país do mundo estamos nós,
afinal? Que governo é o nosso?’ ” “Oh tempora, oh mores”
(Ó tempos, ó costumes!)
A indignação verbalizada do tribuno romano, contra personagens
e costumes de seu tempo, ecoou, ao longo da história. Com efeito,
sempre houve pessoas e instituições que se tornaram paladinas
da cidadania e da justiça, diante de condutas de indivíduos e de
costumes da sociedade, incompatíveis com a dignidade humana e o
direito das pessoas. Também hoje identificam-se personagens e
registram-se fatos na sociedade que continuam abusando
“da nossa paciência”, dado que seus costumes ferem o direito
dos cidadãos. Felizmente, Cícero continua tendo seguidores:
há políticos sérios, gestores honestos, cidadãos conscientes;
há instituições públicas de defesa da ordem jurídica e da cidadania,
bem como entidades privadas e associações civis que têm seu olhar
vigilante em torno da prevalência da ética e da verdade. A imprensa
livre faz a leitura e é a voz da sociedade, ao registrar fatos
que enaltecem ou denigrem a vida do povo. Graças aos recursos
da telecomunicação e à versatilidade da internet, a tribuna de
Cícero no Senado Romano transformou-se numa tribuna
“urbi er orbi” (para a cidade e para o mundo).
Não obstante essa presença e ação educativa, avoluma-se,
no Brasil, o registro de casos de corrupção, tendo como personagens
empresários e autoridades da União, Estados e Municípios.
Na ânsia de ganhos financeiros desmesurados, vêm à tona
outros casos de corrupção. No âmbito do poder público, com mais
um escândalo de desvio de recursos públicos, com fins escusos,
desta vez, no Ministério do Esporte, e da iniciativa privada, com
a importação e venda de lixo hospitalar, proveniente dos
Estados Unidos, no Nordeste e em outras Regiões. Como Cícero,
a sociedade deve gritar: “Ó tempos, ó costumes!”
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