terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Cântico VI

Quem comanda o rio?
O mito?
A lei?
A lenda?
Onde se perde o mapa,
o portulano?
Em que merediano, norte ou sul,
ou em que pólo?
Amazônia
Amazônia
quem te ama?
Quantas vezes, no tempo, o rio encheu-se,
E, quantas outras vazou?
O rio não tem consciência
de si mesmo
e a sua existência é ser corrente.

O rio-em-si não é
nem bom, nem mau.
É rio.
É, sendo rio
inunda e seca,
pois, inundar e secar
é o ser do rio
e sua inconsciência de si mesmo

O poema ovula-se noticia.
E nem se quer
ou canto ou melopéia
Quer olhar e dar voz ao que se mostra.
Pois, Tirésias atônito pergunta
aos pálidos pajés sobreviventes:
se o rio nada sabe se si mesmo,
quem saberá do rio
e de seus homens?
João de Jesus Paes Loureiro
(poeta ,teatrólogo e ensaista paraense obras mais destacadas Remo Mágico,
Deslendário, Cantares Amazônico, Artesão das Águas, Altar em Chamas, na vertente ensaista destaca-se Cultura Amazônica-Uma Poética do Imaginário .
O poeta fez sua tese de doutorado em sociologia da cultura defendida brilhantemente em Sorbonne Paris ) postagem Rene

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