domingo, 1 de novembro de 2009

Cana avança sobre lavouras de legumes e grãos

Cana avança sobre lavouras de legumes e grãos

No oeste paulista, a cultura já começa tomar o terreno das lavouras de quiabo


A produção de cana-de-açúcar cresce a passos largos no interior de São Paulo. Apesar das adversidades climáticas e do momento de baixa de preços pelo qual passa o mercado hoje, a aposta na cultura continua forte e as plantações avançam cada vez mais sobre outros terrenos agrícolas.
É o caso das lavouras de legumes, como o quiabo, no oeste paulista, e de grãos, como milho e soja, no norte do Estado e na região Mogiana.
De acordo com Ricardo Garcia, responsável fiscal do Sindicato da Agricultura de Barretos, apesar de todos os problemas que os canavicultores enfrentam, a cultura ainda é viável.
“O custo de plantio da cana ainda é alto, mas a sua produtividade é bem maior em relação aos grãos, por exemplo, o que faz dela um produto único. Mesmo quando ela estava com o preço baixo compensava, pois a sua manutenção é barata”, afirma.
Consideradas as culturas mais prejudicadas pelo avanço canavieiro, o milho e a soja viveram nos últimos três anos a sua pior fase. Dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola) comprovam uma constante queda na produção desses grãos. Em Barretos, Presidente Prudente, Assis, Orlândia e Mogi-Mirim, a expansão do setor sucroalcooleiro é seguida pela desocupação de áreas anteriormente ocupadas pelo milho e pela soja. Segundo produtores, a queda é resultado da insatisfação dos produtores com o mercado de grãos.
Entretanto, os grãos não são os únicos a perder espaço para o canavial. Em Piacatu, maior produtora de quiabo do Estado de São Paulo, a expectativa depositada na cana tem trazido prejuízo ao mercado do legume. Segundo Valcirlei José dos Santos, engenheiro agrônomo responsável pela agricultura do município, a cana ocupa hoje mais de 2.800 hectares. “Uma temporada de preço baixo do quiabo no mercado fez com que os produtores apelassem para a cana. Com isso, a nossa área de plantio, que antes ultrapassava 400 hectares, reduziu pela metade, ficando com apenas 200 hectares, cedendo todo o espaço para a cana de açúcar”, ressalta Santos.

A ameaça continua
O segundo prognóstico da produção de cana-de-açúcar para a nova safra de 2010 indica que o setor sucroalcooleiro irá crescer ainda mais. Com um aumento de 10% em relação à safra passada, o produto irá atingir uma quantidade adicional de 57,2 milhões de toneladas, totalizando 629 milhões de toneladas de cana de açúcar.

Quiabo
A produção de Piacatu no ano passado, antes do aumento da cana de açúcar, chegou a 250 mil caixas. Este ano, com a área reduzida, a produção total foi de 120 mil caixas.

Texto do jornal Diário da Franca-01/11/2009

Um comentário:

  1. O álcool é uma fonte renovável de energia, mas o governo deveria controlar a área plantada da cana, para que os alimentos também sejam plantados, pois se houver uma diminuição na produção deles os preços irão aumentar e muitas pessoas passarão fome.

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