domingo, 28 de junho de 2015

GREVE DOS PROFESSORES PAULISTA

A derrota dos professores de

 São Paulo

Este mês, professores de escolas públicas do estado de São Paulo anunciaram

 o fim de sua greve sem qualquer de suas demandas terem sido cumpridas




Em um artigo de opinião do New York Times, a jornalista Vanessa Barbara fala
 sobre a mais recente greve dos professores de São Paulo que durou três meses,
 a mais longa dos professores no estado. Os professores mantiveram até o fim sua 
demanda de paridade de remuneração com outros profissionais com nível superior,
 ou seja, um aumento salarial de 75%. Apesar de este ser um aumento acentuado nos
 salários públicos, o princípio de paridade faz parte do Plano Nacional de Educação,
 uma lei aprovada no ano passado com o apoio da presidente Dilma Rousseff. 
De acordo com esse plano, a paridade deverá ser alcançada até 2020.
Os professores também exigiam turmas menores, com no máximo 25 alunos.
 A Secretaria de Educação estipula um máximo de 40 alunos nas aulas do ensino
 médio, mas em fevereiro passado, no início do ano letivo, houve relatos de classes
 com 85 ou 95 alunos matriculados. Os manifestantes também se queixavam de
 que o governo não segue uma lei que exige que um terço das horas de trabalho
 seja gasto em atividades fora da classe, tais como marcação de provas e planejamento
 de aulas.
Dos 251 mil professores em São Paulo, cerca de 57 mil (ou 23%) são empregados 
temporários. Depois do contrato inicial de um ano, um professor temporário deve
 ficar fora do trabalho por 40 dias; após o segundo ano, a retirada obrigatória
 aumenta para 200 dias – mais de seis meses de desemprego, por cada ano de
 trabalho. Esta abordagem tem sido utilizada desde 2009 para evitar a classificação 
dos empregados temporários como funcionários públicos permanentes com
 proteções trabalhistas regulares.
Mais de quatro milhões de estudantes frequentam uma das 5.300 escolas públicas
 administradas pelo estado de São Paulo. Eles são em sua maioria pobres, uma vez
que as famílias mais ricas geralmente matriculam seus filhos em escolas particulares,
 onde os professores podem ganhar até R$ 50 por hora.
Reação do governo estadual
Confrontado com as demandas de centenas de milhares de professores, o governador 
do estado, Geraldo Alckmin, reagiu com desdém. “Todo ano é a mesma história”,
 disse em março. Mais tarde, ele chegou a negar a existência da greve. Sobre as
reivindicações dos grevistas, o governador Alckmin disse que o governo já havia
 dado um aumento cumulativo de 45% nos últimos quatro anos. O sindicato, por
 outro lado, afirma que este número inclui os bônus que já foram pagos em uma
 base fixa, e que o aumento salarial nos últimos quatro anos seria, no máximo, 
de 29,9%. A taxa de inflação nesse período foi de 27,7%.
Após 13 semanas de greves e dezenas de comícios, o governador não fez nenhuma
 proposta para aumentar os salários dos professores. Ele apenas ofereceu estender 
os cuidados de saúde aos professores temporários (por meio de uma dedução de
 salário de 2%) e de diminuir a retirada anual obrigatória do trabalho. No final de
 maio, depois de lutar no Superior Tribunal de Justiça, o governador Alckmin 
conseguiu cortar os salários dos manifestantes, o que levou ao fim da greve.
 Poucos dias depois, um editorial em um jornal de grande circulação proclamou 
que os professores haviam sido desmoralizados em todas as frentes.
Segundo a autora, como se a derrota já não fosse o suficiente, dois dias depois de
 vencer os professores, o partido do governador Alckmin anunciou que ele é um 
provável candidato à presidência nas eleições de 2018.

OPINIÃO &  NOTICIA

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