quinta-feira, 24 de maio de 2012

Senado e Câmara abrem caixa-preta dos salários


BRASÍLIA - A Câmara dos Deputados e o Senado vão divulgar os salários dos seus 
servidores com todos as ajudas de custo, gratificações e bonificações, da mesma 
forma que fará o Executivo. A decisão, política, foi anunciada nessa quarta-feira, 23,
 pelos presidentes das duas Casas, deputado Marco Maia (PT-RS) e senador José 
Sarney (PMDB-AP), após três dias de conversas.
'Vamos publicar tudo. Faremos conjuntamente, da mesma maneira, o Executivo, o 
Judiciário e o Legislativo', disse Sarney. 'Os Poderes estão em sintonia com os anseios
 da sociedade. Conversei com o presidente Sarney e decidimos que o Parlamento, 
o mais transparente dos Poderes, deveria dar essa resposta à sociedade', afirmou Maia.
No dia 16, quando entrou em vigor a Lei de Acesso à Informação, a diretora-geral do 
Senado, Dóris Marize Peixoto, afirmou que não estava nos planos do Legislativo tornar 
públicos os vencimentos dos servidores. 'A questão salarial individual é uma questão 
que tem apoio legal para não ser divulgada', alegou. Não apenas seria um risco para 
a segurança, afirmou, como seria uma 'quebra de sigilo bancário' - embora não 
houvesse determinação para divulgar dados da conta bancária dos funcionários, mas
 apenas o que o Estado paga a cada um deles.
No dia seguinte, o Palácio do Planalto publicou decreto tornando obrigatória a divulgação
 de tudo o que é pago a cada servidor do Executivo: salário, ajudas de custo, gratificações, 
jetons e diárias, entre outros. A maneira como isso será feito depende de ato normativo
 do Ministério do Planejamento, que deve ser publicado até o fim da semana.
O decreto pegou de surpresa tanto o Judiciário quanto o Legislativo e deixou os dois
 Poderes em situação desconfortável. Na quinta-feira passada, depois de conversarem 
por telefone, Maia, Sarney e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres
 Britto, decidiram esperar o ato do Planejamento para só então anunciar a decisão. No 
entanto, o STF saiu na frente e informou que publicaria os salários do Tribunal - a decisão
 não vale para as demais esferas do Judiciário.
Decisão. A Lei de Acesso obriga todos os órgãos da administração pública a tornar
 disponíveis informações institucionais e financeiras, salvo as que ainda podem ser 
classificadas como sigilosas. Cada Poder analisa sua produção de informação e 
determina o que não pode ser aberto. No Senado, uma comissão tem 30 dias para 
definir quais dados não serão abertos. Os salários possivelmente estariam entre eles, 
não fosse a pressão política causada pelo decreto presidencial.
Uma lista revelada em agosto pelo site Congresso em Foco mostrou que 464 
servidores do Senado recebiam, em 2009, acima do teto da época, de R$ 24,5 mil
 mensais - inclusive Doris Peixoto, que ganhou R$ 27.215,65. Havia funcionários 
recebendo até R$ 46 mil mensais. FONTE O ESTADO 

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