Muhammad Hosni Said Mubarak, em árabe محمد حسنى سيد مبارك, (Monufia, 4 de maio de 1928) é um militar
egípcio, governou seu país de14 de outubro de 1981 a 11 de fevereiro de 2011, quando apresentou sua renúncia ao cargo com 82 anos, após 18 dias de protestos noEgito.[1]
A partir de sua ascensão na Força Aérea egípcia, tornou-se vice-presidente em 1975 e sucedeu a Anwar Al Sadat, depois que este foi assassinado, em 6 de outubro de 1981.
Era considerado como um dos mais poderosos chefes de estado do Oriente Médio. Também era conhecido por sua posição neutra noconflito árabe-israelita, sendo, por isso mesmo, freqüentemente envolvido nas negociações entre as duas facções. Nos últimos dias de seu governo, estava sendo alvo de críticas e protestos pela maioria da populção[editar]
Biografia
[editar]Trajetória
Licenciou-se quando jovem pela Academia Militar em 1949 e pela Academia da Força Aérea Egípcia em 1950. Assumiu posições de comando na Força Aérea entre 1966 e 1969. Em 1972, o presidente Anwar el-Sadat nomeou-o comandante-chefe daquele ramo das Forças Armadas. O seu desempenho na guerra de Yom Kippur com Israel em 1973 valeu-lhe a promoção a marechal, que lhe foi concedida em 1974.
Em 1975 Sadat nomeou-o para o cargo de seu vice-presidente. Nos anos que se seguiram, Mubarak esteve envolvido em importantes negociações diplomáticas com outros países do Oriente Médio. Foi o principal mediador na disputa do território do Saara Ocidental, entreMarrocos, Argélia e Mauritânia.
Após o assassinato de Sadat, tornou-se presidente do Egito, em 1981, sendo reeleito por quatro vezes: em 1987, 1993, 1995 e 1999. Renunciou à Presidência, em fevereiro de 2011, após quase trinta anos no poder, em meio a sérios distúrbios populares.
Seu governo foi marcado por progressos nas relações com os países árabes e pelo arrefecimento das relações com Israel, especialmente após a invasão israelense do Líbano, em 1982. Mubarak reafirmou o tratado de paz com Israel em 1979, ao abrigo dosacordos de Camp David, e cultivou boas relações com os Estados Unidos da América. Durante a Guerra do Golfo, posicionou-se ao lado dos EUA, contra as intenções expansionistas do Iraque de Saddam Hussein. Desempenhou também um papel importante na mediação do acordo entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina, assinado em 1993.
Em 2004, Mubarak afirmou, em entrevista ao Le Monde, que considera existir um "ódio sem precedentes" contra os Estados Unidos nos países árabes (entre os quais se inclui o Egito), motivado pela proteção econômica e militar concedida pelo governo norte-americano aIsrael.
[editar]Fortuna
Segundo fontes da imprensa mundial, a família do presidente do Egito, Hosni Mubarak, tem uma fortuna espalhada pelo mundo, que segundo a ABC News, rede norte-americana de TV, gira entre US$ 50 bilhões e US$ 70 bilhões. O presidente teria construído sua fortuna a partir de contratos das Forças Armadas, na época em que ele era oficial da Aeronáutica. Quando se tornou chefe de governo, em 1981, começou a diversificar o patrimônio. “As pessoas já o consideram abertamente um líder corrupto”, disse Amaney Jamal, professora de ciência política na Universidade de Princeton. De acordo com o The Guardian, jornal de londres, Mubarak e a família têm capitais em bancos britânicos e suíços, e fortes investimentos imobiliários em grandes metrópoles como Londres, Nova Iorque e Los Angeles, além de áreas junto ao Mar Vermelho.
A população jovem se revoltou depois de conviver por anos em alta taxa de desemprego e situação de pobreza enquanto o Presidente Mubarak acumula riquezas absurdas à custa de corrupção e impunidade nos desvios de recursos públicos.
Os investimentos que fez ao longo de 30 anos no poder foram, na sua maioria, aplicados no estrangeiro; o jornal Al Khabar referia, no ano passado, os exemplos de Manhattan e Beverly Hills, nos dois extremos dos Estados Unidos.[3].
Protestos em Janeiro de 2011 e derrocada
Em Janeiro de 2011, estimulados pela queda do chefe do governo autoritário da Tunísia Zine El Abidine Ben Ali, centenas de milhares de egípcios iniciaram protestos exigindo a renúncia de Mubarak ao redor do país, principalmente nas cidades do Cairo, Alexandria e Suez. Em 1° de fevereiro de 2011, mais de um milhão de pessoas - segundo a rede de televisão Al Jazeera - tomam a praça Tahrir, no Cairo, na maior demonstração contra Mubarak até então. Protestos maciços também ocorreram em outras cidades do Egito, como Alexandria e Suez, no mesmo dia em que Mubarak declarou que deixará o cargo após eleições previstas para o mês de Setembro, onde afirmou que não as disputará.
Em 11 de fevereiro de 2011, Mubarak renunciou juntamente com seu vice. Foi noticiado que o poder será repassado para um Conselho Militar[4]
Aos 82 anos, Hosni Mubarak parecia ser mais um líder árabe a ficar no poder
até a morte ou deixar o governo de herança a um dos filhos, como é tradição no
norte da África e no Oriente Médio. Após três décadas no poder, com apoio dos EUA,
o homem que escapou de seis atentados não resistiu à força das ruas. Após 18
dias de protestos, o presidente egípcio renunciou nesta sexta-feira (11), abrindo
caminho para esperanças e incertezas no Egito.
Mubarak assumiu o Egito em 1981, oito dias após o assassinato do ex-presidente
Anwar el Sadat, morto por oficiais do Exército descontentes com o acordo de paz
assinado com Israel. Com o tratado, o Egito foi o primeiro país árabe a reconhecer o
Estado judeu (hoje também reconhecido pela Jordânia). Tornou-se, assim, uma
espécie de guardião de Israel e garantia de estabilidade para a região repleta de
petróleo e inflamada por extremistas.
Casado com uma britânica, Suzzane Mubarak, o militar que foi primeiro-ministro de
Sadat assumiu o poder com mão-de-ferro. Desde 1981, Mubarak governava o
país sob Estado de sítio (ou seja, sem a garantida de direitos fundamentais, uma
ditadura na prática). Apesar do regime autoritário, era um aliado e até considerado
amigo por autoridades do Ocidente, sobretudo dos Estados Unidos.
As três décadas no poder fizeram crescer a fortuna pessoal de Mubarak. Embora não
existam números oficiais, o patrimônio do líder egípcio é equivalente a R$ 117 bilhões
(US$ 70 bilhões), segundo o jornal The Guardian.
Carona para primeiro-ministro francês e amigo dos Clinton
Acuado pelos milhares de manifestantes, que há 18 dias acampam na praça Tahir,
no coração do Cairo, Mubarak viu o amplo apoio ocidental que tinha desaparecer.
Embora a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já tenha chamado Mubarak de
amigo no passado, o governo dos EUA passou a pedir uma transição ordeira no país.
Outros países influentes, como a França, preferiram o silêncio – inclusive depois que se
soube que o primeiro-ministro François Fillon viajou de carona num jatinho de Mubarak.
À medida que cresciam os protestos na praça Tahrir, ninguém parecida disposto a defender
o líder egípcio. Uma das poucas exceções do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que
classificou o egípcio como “sábio” - nos dias em que ele mesmo corre o risco de cair por causa
de um escândalo sexual.
Perda de apoio dos militares foi crucial para a queda
Desde sua independência, em 1953, o Egito é um país estruturado no poder do Exército.
Todos os presidentes foram militares. Mas após 30 anos de regime, a opinião no quartel não
parecia ser toda favorável a Mubarak.
Pouco a pouco, as divisões nas Forças Armadas começaram a aparecer. O anúncio de que o Exército poderia reprimir os manifestantes nos protestos desta sexta-feira (11) parece
colocado os militares contra a parede e forçado que eles definissem de que lado estavam.
Nos últimos dias, as negociações eram feitas pelo vice-presidente, o militar Omar Suleiman,
nomeado após 30 anos de cargo vago.
Após 18 dias de protestos, mais de 300 mortos (segundo a ONU), a revolta que
explodiu inspirada na Revolução de Jasmim na Tunísia (que dias antes também derrubou
o regime autoritário vizinho) atingiu seu primeiro objetivo – derrubar Mubarak. O golpe final,
mais uma vez, foi dado pelo Exército, que ficou do lado dos manifestantes.
Para os EUA e Israel, o grande temor é que a Irmandade Muçulmana, o principal grupo da
oposição, assuma o governo e transforme o país numa república islâmica. Mas líderes do
movimento negam isso.
Se o Egito com o Mubarak era sinônimo de autoritarismo, o Egito sem Mubarak é um país com
esperanças democráticas e muitas incertezas.
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