sábado, 26 de dezembro de 2020

Roberto carlos , amazonia















“A pandemia é o resultado de nosso

 absoluto desrespeito ao meio ambiente

 e aos animais”, diz Jane Goodall


Aos 86 anos, Jane Goodall continua inspirando crianças, jovens e

 adultos. A determinação e a trajetória da primatóloga e antropóloga

 britânica são realmente fascinantes e admiráveis. Em 1960, aos 

26 anos, munida de binóculos e um caderno de anotações, deixou

 a Inglaterra e seguiu para a Tanzânia para estudar o universo dos

 chimpanzés*.

Seis décadas depois, Jane é considerada a maior especialista 

internacional nessa espécie e uma das mais importantes e respeitadas

 vozes quando o assunto é preservação ambiental.

Além do trabalho em seu Jane Goodall Institute, a ativista e Embaixadora

 das Nações Unidas pela Paz viaja o mundo dando palestras e fazendo

 alertas sobre a crise climática e a extinção em massa da fauna e da

 flora do planeta. Em 1991, ela também fundou o 

Jane Goodall Institute’s Roots & Shoots, um programa para inspirar

 jovens a serem agentes de mudanças em suas comunidades. 

Atualmente o projeto está presente em 65 países.

Esta semana Jane Goodall foi convidada a participar de um debate 

virtual promovido pela Compassion in World Farming, organização 

que faz campanha e lobby pelo bem-estar animal, assim como

 combater a exportação de animais vivos, certos métodos de abate 

e todos os sistemas de produção industrial. O tema do encontro foi

 “Pandemia, Vida Selvagem e a Produção Industrial de Animais.”.

Vegetariana há mais de 50 anos, Jane contou durante a live que ficou

 chocada recentemente ao descobrir que se cultiva mais grãos no

 mundo para alimentar animais do que humanos e, enquanto isso, 

milhões de pessoas ainda passam fome no planeta. “Além do mais,

 esses animais … precisam receber mais e mais antibióticos … 

levando ao desenvolvimento de superbactérias. O que aconteceu 

com este planeta é aterrorizante”.

Desde o começo da pandemia do coronavírus, Jane tem falado

 insistentemente sobre a ligação entre o vírus da COVID-19 e a 

manipulação de animais silvestres. Cientistas suspeitam, mas não

 há confirmação ainda, que o novo vírus pode ter sido transmitido de

 animais para humanos. Pesquisadores já tinham alertado, em 2007,

 que o consumo de animais exóticos “era uma bomba-relógio porque o

 morcego é um reservatório de vírus SARS-Cov”.

“Nós trouxemos isso para nós mesmos. Isso (a pandemia) é o resultado de

 nosso absoluto desrespeito ao meio ambiente e aos animais. Caça, 

matança, alimentação, tráfico de animais… O ponto que estou tentando 

enfatizar aqui é que todos esses bilhões de animais de fazenda e todos 

esses bilhões de animais traficados são indivíduos. Com personalidades

 capazes de sentir medo, angústia e certamente, sentir dor. E quando você 

começa a pensar neles como indivíduos, isso realmente fará você entender 

a enormidade do que fizemos. Nós infligimos milhões, milhões e milhões

 de animais sencientes com um sofrimento horrível e ainda o estamos

 infligindo agora, hoje”.

Para a ambientalista, essa crise global de saúde pode ser uma oportunidade

 de mudança.

“Os líderes mundiais estão ansiosos para voltar aos negócios como de

 costume, mas se fizermos isso, será o fim de nossa espécie no planeta Terra”

, acredita. “Se não fizermos as coisas de maneira diferente, será o nosso fim.

 Mas temos uma janela de tempo para nos reunirmos e fazermos nossas vozes

 serem ouvidas. Todos os dias causamos impacto no planeta, apenas temos 

que escolher que tipo de impacto queremos causar”.

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*Quando ainda era uma jovem estudante na universidade, Jane Goodall foi 

criticada por dar nomes e não “números” aos chimpanzés. Tampouco ela

 podia falar sobre suas personalidades. Seus professores descreveram isso 

como um pecado, porque “Somente humanos podem ter personalidades”.


Foto: Jane Goodall Institute/Shawn Sweeney

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