O IMPÉRIO ARTICULA A 

GUERRA CIVIL 

BRASILEIRA? A HISTÓRIA 

ACELERA 

SEUS

 PASSOS

MAS QUEM DÁ A DIREÇÃO?


Esse texto escrito em março de 2016 já é uma previsão
 muito séria tirando a cortina para a possibilidade de uma
 guerra civil no Brasil.
O Brasil vive dias turbulentos e faz parte de um mundo controlado pelo capital
 financeiro e em crise. São crises na ordem econômica, ambiental, humanitária, 
diplomática, além da barbárie das guerras. Povos são divididos pelo acirramento 
das diferenças religiosas, étnicas, culturais, da língua que se fala e da origem 
imigrante ou regional.
Não percebem que são manipulados, jogados uns contra os outros, enquanto
 se disputa a nova partilha do poder político para atender a interesses econômicos
 particulares.
Quando as taxas de lucro médias diminuem, se a economia não cresce, enquanto
 as dívidas se acumulam, os recursos naturais ficam escassos e caros de se obter,
 quando novos assalariados baratos não são incorporados em número suficiente,
 é nesta conjuntura que a conciliação entre interesses contraditórios fica mais difícil.
 Nestes momentos já não é possível conciliar salários em crescimento, pleno emprego
 e direitos sociais com a concentração dos capitais. Frações entre os capitalistas,
 empreiteiros cartelizados, banqueiros oligopolistas e concessionários dos meios 
de comunicação, e de outros serviços públicos, disputam o Estado para obter 
maiores vantagens relativas.
A balança entre a influência dos capitais de origem estrangeira e nacional no 
aparato de Estado se ajusta. A participação direta do Estado no capitalismo produtivo
 e financeiro muda à serviço de quem dá a nova direção.
A corrupção, em seus aspectos legais e ilegais, é o resultado da busca pelo maior 
lucro possível na disputa entre empresários ou banqueiros. Não é a principal causa 
dos males daqueles que vivem do trabalho honesto e do salário, é o resultado
 sistêmico da organização econômica na qual muitos trabalham e poucos, cada 
vez menos, acumulam.
Periodicamente a corrupção é descoberta, alguns agentes são punidos, políticos 
expurgados ou presos, são apenas os fusíveis que quando queimados preservam 
o funcionamento do sistema. Os meios e as motivações para promover a 
corrupção ficam intocados. A propriedade das empresas corruptoras e dos bancos 
que lavam mais branco são preservadas. A concentração do capital, a busca pelo
 lucro máximo e a tendência à formação de cartéis segue seu rumo.
Os assalariados, os trabalhadores autônomos e os pequenos empresários estão
 assistindo à reedição do espetáculo do combate à corrupção no Brasil.
Muitos são manipulados para uma espécie de catarse coletiva e falso moralista,
 ou para se solidarizar à vitimização de lideranças políticas.
Os verdadeiros interesses da maioria da população ficam nublados diante da falsa 
polarização, na miséria da política brasileira. Cínicos declaram “Nunca houve
 tanta corrupção”, hipócritas retrucam “Nunca a corrupção foi tão combatida”.
 Aparatos jurídico-policiais e midiáticos cometem excessos, desde prisões 
preventivas até a delação, investigação e vazamento seletivos, violação da 
comunicação entre investigados e seus advogados, além dos prováveis grampos
 ilegais. Governa-se com a política econômica, antes condenada, do adversário derrotado.
A direção do espetáculo está sob controle do capital internacional. Na agenda
 política a entrega do pré-sal às multinacionais, a privatização das estatais, a menor
 participação do Estado no setor financeiro, a contra reforma da previdência, a abertura
 das licitações públicas às multinacionais da construção civil , a prioridade ao 
pagamento dos juros da dívida pública, o fim da valorização real do salário mínimo,
 a desindustrialização, o fim dos programas nuclear e espacial brasileiros, os acordos
 de livre comércio com EUA e Europa, além do afastamento do Brasil em relação
 aos BRICS e à América Latina.
Ainda na agenda, a legalização da terceirização nas atividades fins das empresas,
 a lei “antiterrorismo” para repressão aos movimentos sociais e a independência
 formal do Banco Central em relação aos governos eleitos, para legalizar sua
 subordinação aos banqueiros privados.
Esta agenda pode ser imposta à atual presidenta, ou ser adotada por outro que
se estabeleça, caso a maioria da população permaneça alienada em relação ao
 que está realmente em jogo.
Democracia é um conceito abstrato, mas simpático à maioria das pessoas.
 Nela cabe quase tudo, desde eleições periódicas na qual escolhemos 
entre os pré-selecionados dos banqueiros, até a participação direta na definição do
 orçamento público.
A democracia real requer justiça econômica, e só será possível quando a 
democracia alcançar os locais de trabalho, os bairros, as escolas, os 
orçamentos públicos, os meios de comunicação, os processos legislativo e
 judicial. Democracia real é democracia cotidiana, desde a hora que acordamos 
até quando dormimos. Neste momento, de tanta desilusão e ameaças de 
retrocessos,alguém pode me criticar por estar “deslocado da realidade”. Respondo
 que a ilusão é acreditar que a conciliação dos interesses dos banqueiros 
internacionais, dos empreiteiros cartelizados e dos assalariados pode ser duradoura.
Para se construir um a sociedade harmônica e digna é preciso eliminar as causas
 sistêmicas da corrupção, e aumentar a participação popular para qualificar a democracia
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Autor: Felipe Coutinho, Presidente da Associação de Engenheiros da 
Petrobras (AEPET), março de 2016. Agradecemos ao Pedro Augusto
 Pinho pelo texto excelente compartilhado conosco em Dinamica Global.
Fontehttps://dinamicaglobal.wordpress.com/2016/12/12/o-imperio-articula
-a-guerra-civil-brasileira-a-historia-acelera-seus-passos-mas-quem-da-a-direcao/