124 bilhões de dólares e uma conta chamada “Tucano”
Antes de o leitor relembrar (ou conhecer) o caso
escabroso que segue, é importante reafirmar que
a podridão de antes não inocenta ninguém, mas
serve pra provar a hipocrisia dos que hoje posam
como arautos da moralidade
Caso Banestado: Govermo FHC, juiz Sérgio Moro,
Doleiro Alberto Yousseff (Imagem Pragmatismo Político)
Aconteceu na década de 90. US$ 124 bilhões saíram do Brasil através das
chamadas contas CC5. Há quem diga que, na época, nem as reservas
brasileiras em moeda americana chegavam a esse total. O banco
usado para a roubalheira foi o Banestado e o ralo era Foz do
Iguaçu/PR, cidade onde antes durante ou depois foi trabalhar o tal
“Japonês da Federal”, que nada tem a ver com a história.
Também meio antes, durante ou depois – a essa altura pouco
importa, aconteceu a CPI dos Precatórios, que desaguou numa tal
Operação Macuco da Polícia Federal, que entrou em cena e descobriu
que pelo menos US$ 30 bilhões daquela cifra foram remessas ilegais.
Durante as investigações, a Procuradoria da República ia junto
aos órgãos oficiais, perguntava uma coisa, respondiam outra
. Refazia o pedido e a resposta vinha incompleta. E aí, ela
radicalizou: pediu a quebra de sigilo de todas as contas CC-5 do
País. Sugiro ao leitor uma visita ao Google para entender
A PF descobriu que o dinheiro passava por Nova Iorque (EUA),
uma roubalheira que apesar de gigante, seria apenas a ponta de
um iceberg. Entre os suspeitos estavam empresas financiadoras de
campanha, alto empresariado em geral e membros da alta
cúpula do governo brasileiro da eraFernando Henrique Cardoso.
O rombo era tamanho que os promotores americanos, abismados
com o volume de dinheiro que havia transitado por aquela cidade
, quebraram sigilo bancário em Nova Iorque. A equipe da PF foi
reconhecida e ganhou a simpatia até do enfadonho e burocrático
Banco Central (EUA), além da FBI (Polícia federal americana).
O mecanismo descoberto era e é um traçado muito bem articulado,
de forma que os verdadeiros nomes dos titulares não possam
aparecer. Desse modo, num passe-repasse, plataformas financeiras
e coisa e tal, os trabalhos para ocultação envolvem ou envolveriam
até cinco camadas ocultadoras.
Com esse grau de sofisticação, investigar seria percorrer o
complexo caminho inverso, mergulhar nas tais camadas, até
que se chegar aos verdadeiros titulares do dinheiro.
Estava tudo tão bom e tão bem protegido, que a prática
consolidou-se, e como a corrupção no País é endógena, além de
“lubrificar economias” (a Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico – OCDE que o diga!) as ratuínas
foram abrindo a guarda. Com impunidade garantida, alguns
grandes nomes relaxaram e apareceram por descuido.
Haja descuido! Surgiu até um óbvio – “Tucano” e um aleatório
“Serra”. Tão óbvio que deixou perplexo não só o delegado que
coordenava o trabalho, mas também os procuradores. Mero ato falho
e primário, em tempos de abertura de guarda, de “engavetadores
gerais da República”. Tempos de gente honrada e das panelas
silenciosas, da dita “grande mídia” calada, dos arautos da moralidade
hodierna.
Há uma entrevista no Youtube com o delegado federal José Castilho
Neto, coordenador da Operação Macuco. Sem fulanizar ou
partidarizar, ele reclama da oportunidade aberta e perdida, naquela
época, para o enfrentamento da banda podre, seja da política, seja
do empresariado. O Cônsul do Brasil, que trabalhava em Nova Iorque,
teria dito para as autoridades americanas que a cabeça do delegado
Castilho “estava a prêmio”. Só não disse quem seria o pagador,
se os protegidos ou os protetores.
Castilho foi afastado. E o leitor a essa altura deve estar se perguntando:
por que esse saudosismo tanto tempo depois?
Primeiramente para lembrar que a podridão de antes não inocenta
ninguém. Mas serve pra provar a hipocrisia dos que hoje posam
como arautos da moralidade. Mostra o cinismo dos paneleiros e
demonstra com cristalina clareza a postura golpista da dita “grande imprensa”.
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Em segundo lugar, para não ter que retornar aos tempos do Brasil Colônia
ou da mordaça da ditadura militar, eu simplesmente gostaria de reafirmar
que esse caso escabroso, narrado lá em cima, ocorreu na era do
impoluto Fernando Henrique Cardoso. Sabe qual emissora de
televisão de maior audiência?TV Globo. Sabem quem era o doleiro?
Alberto Youssef. Sabem quem era o juiz? Sérgio Moro.
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