De cada R$ 3 recebidos por PT, PSDB e PMDB,
R$ 2 são pagos
por empresas
Principal combustível das campanhas eleitorais no Brasil, as
contribuições financeiras de empresas também são as maiores
responsáveis pelo custeio das máquinas dos grandes partidos.
Somados, os diretórios nacionais do PT, do PMDB e do PSDB
receberam R$ 2 bilhões em doações de pessoas jurídicas entre
2010 e 2014, em valores atualizados pela inflação. Isso
representa dois terços de tudo o que entrou nos cofres das
três legendas naquele período de cinco anos.
Essa fonte de receitas está prestes a secar. No dia 17, o
Supremo Tribunal Federal não apenas decidiu que o
financiamento empresarial de campanhas é inconstitucional,
mas também derrubou os artigos da Lei dos Partidos
Políticos que permitem contribuições privadas às legendas.
Com essa permissão legal, os tesoureiros dos partidos
vinham arrecadando recursos de empresas mesmo em anos
não eleitorais. Em 2011 e 2013, por exemplo, nada menos
que R$ 205 milhões foram doados às três maiores legendas do País.
As prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral mostram
que os partidos usam parte dos recursos recebidos de
pessoas jurídicas para custear pagamento de salários, aluguéis
de imóveis, viagens de dirigentes, material de consumo e até
despesas com advogados.
Mas o dinheiro que financia campanhas também transita pelas
contas das legendas, e não só pelos comitês eleitorais. Nos
anos em que os eleitores vão às urnas, os três maiores partidos
recebem de pessoas jurídicas, em média, seis vezes mais do
que em anos não eleitorais.
No ano seguinte ao de uma eleição, os recursos doados às
legendas também podem servir para pagar dívidas de campanhas
- o que constitui uma modalidade indireta de financiamento
eleitoral, que não aparece nas prestações de contas dos candidatos.
Em 2013, por exemplo, o PT nacional enviou R$ 67,5 milhões,
em valores atualizados, para centenas de diretórios municipais
do partido. No ano anterior, esses diretórios haviam custeado
as campanhas dos candidatos a prefeito, e muitos terminaram a tarefa endividados.
Não há como contabilizar quanto dos recursos usados pelo PT
nacional para irrigar suas instâncias municipais veio de empresas,
nem a identidade dos doadores. A prestação de contas indica
apenas que esse dinheiro não saiu do Fundo Partidário, mas do
caixa intitulado “outros recursos” - onde entram doações de
empresas e pessoas físicas, contribuições de filiados e outras
fontes menores.
Ou seja, uma empresa que fez uma doação ao PT em 2013 pode
ter contribuído indiretamente para pagar a campanha de um
candidato do partido em 2012, sem que isso aparecesse na
contabilidade do candidato - trata-se de mais de uma
modalidade de “doação oculta”, em que o vínculo entre financiador
e financiado fica invisível. Para complicar ainda mais esse
rastreamento, as prestações de contas das doações recebidas
em 2013 só foram feitas em 2014 - dois anos depois da eleição
municipal.
O PSDB também fez repasses a diretórios municipais em 2013,
mas em volume bem menor: pouco mais de R$ 1 milhão.
Contabilidade
Para avaliar o peso das contribuições empresariais no
financiamento dos partidos, o Estadão Dados analisou as
prestações de contas do PT, do PMDB e do PSDB desde 2010.
Foram contabilizados apenas os recursos recebidos pelos
diretórios nacionais - empresas também podem doar
diretamente a candidatos ou às instâncias estaduais e
municipais das legendas, mas nem todas têm suas prestações
de contas publicadas.
No total, os três maiores partidos arrecadaram quase
R$ 3 bilhões de 2010 a 2015. Além dos R$ 2 bilhões oriundos
de empresas, a segunda fonte mais importante foi o Fundo
Partidário, formado por recursos públicos: R$ 743 milhões, o
equivalente a 25% do total.
As doações de pessoas físicas para os três partidos somaram
cerca de R$ 47 milhões - apenas 1,6% do total das receitas.
Na divisão por partidos, o PT foi o principal beneficiário das
doações das empresas: recebeu R$ 967 milhões, ou 48% do
total. Em segundo lugar, apesar de não ter lançado candidato
a presidente em 2010 e em 2014, aparece o PMDB, com
R$ 539 milhões (27%). A seguir vem o PSDB, com
R$ 498 milhões (25%).
As prestações de contas do PT estão assinadas
pelo ex-tesoureiro João Vaccari Neto, que está preso.
Ele foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro -
investigações da Polícia Federal e do Ministério Público,
no âmbito da Operação Lava Jato, indicaram que propinas
de empreiteiras eram canalizadas ao partido na forma de
doações oficiais.
fonte
http://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/de-cada-rdollar-3-recebidos-por-pt-psdb-e-pmdb-rdollar-2-s%C3%A3o-pagos-por-empresas/ar-AAeRU27?ocid=mailsignoutmd
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