CRISE
Indústria automobilística
europeia afunda
Apenas demissões em larga escala impedirão grandes prejuízos nas
maiores montadoras europeias
Quando a Peugeot disse no início deste mês que cortaria 6.500 empregos e
que fecharia a sua fábrica de Aulnay, próxima a Paris, o presidente
François Hollande insistiu que tal plano “não seria aceito”. Contudo, o
prometido pacote de resgate do setor automobilístico do seu governo,
anunciado pouco depois de a Peugeot ter revelado os seus prejuízos,
foi tímido: maiores subsídios para carros elétricos; empréstimos para
pequenos fornecedores; mas nada que fará alguma diferença de fato.
No mesmo dia, a Ford afirmou que os seus prejuízos na Europa seriam
muito piores do que o esperado e ultrapassariam a marca de US$ 1 bilhão.
Quando a Fiat anunciou seus resultados, em 31 de julho, um aroma
agradável cruzou o Atlântico a partir de uma Chrysler revitalizada –
da qual a Fiat detém 62% – ajudando a amenizar o mau cheiro que emana
das operações europeias da Fiat, cujas vendas já caíram em 18% só
neste ano. As coisas também não cheiram bem na divisão europeia
da GM, Opel-Vauxhall: o seu presidente foi substituído este mês
pela segunda vez em oito meses. Espera-se que a Opel perca mais
de US$ 1 bilhão neste ano, o que será acrescentado às perdas de
US$ 14 bilhões desde 1999.
Algumas boas notícias
Contudo, conforme a Peugeot e a Ford anunciam as suas más notícias,
Contudo, conforme a Peugeot e a Ford anunciam as suas más notícias,
a alemã Daimler afirma que os seus lucros no primeiro semestre
aumentaram um pouco, para US$ 3,5 milhões: certamente alto o
bastante para colocá-la entre as montadoras europeias vencedoras.
A Jaguar Land-Rover, sediada na Inglaterra, mas controlada por
indianos, afirmou que criaria 1.100 empregos em uma unidade em
Birmingham. Em 26 e julho a Volkswagen anunciou lucros recordes
de US$ 8 bilhões no primeiro semestre, um aumento de 7% em relação
ao ano anterior.
Mas de um modo geral, o mercado de carros da Europa Ocidental está
no seu quinto ano de queda de vendas. Na Itália e na França as quedas
foram de 20% e 14%, respectivamente. Além da enorme e eficiente VW,
as montadoras que operam para os mercados de massa são as mais
atingidas: marcas de luxo como a BMW e a Land Rover estão
experimentando um aumento da demanda de exportações para
mercados emergentes. A compatriota da Peugeot, a Renault, também
está sofrendo com vendas decrescentes, ainda que tenha se
movimentado mais rapidamente para remover sua linha de
produção da custosa França.
As montadoras mais fracas têm todo tipo de plano para reduzir
ou compartilhar os seus custos. Elas também estão apelando para
que os governos cortem impostos trabalhistas. Todavia, Stefano Aversa
, da AlixPartners, uma empresa que presta serviços de consultoria
para montadoras em reestruturação, argumenta que apenas cortes
drásticos, que incluem o fechamento de até 12 linhas de montagem,
serão o suficiente para recuperar o prumo das montadoras, especialmente
considerando que o mercado automobilístico norte-americano não
retornará ao seu nível pré-crise até o início da década de 2020.
Aos governos falta o dinheiro necessário para pôr em prática esquemas
de compra de ativos insolventes para estimular a venda de carros.
Estes estão sendo forçados a aumentar os impostos em vez de cortá-los
, como seria do agrado das montadoras. Aos políticos que querem ajudar,
resta apenas uma opção: não atrapalhar as montadoras a fazer os cortes
que precisam ser feitos para que elas sobrevivam no longo prazo.
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