quinta-feira, 2 de agosto de 2012


CRISE

Indústria automobilística 

europeia afunda

Apenas demissões em larga escala impedirão grandes prejuízos nas

 maiores montadoras europeias


Quando a Peugeot disse no início deste mês que cortaria 6.500 empregos e
 que fecharia a sua fábrica de Aulnay, próxima a Paris, o presidente
 François Hollande insistiu que tal plano “não seria aceito”. Contudo, o 
prometido pacote de resgate do setor automobilístico do seu governo,
anunciado pouco depois de a Peugeot ter revelado os seus prejuízos, 
foi tímido: maiores subsídios para carros elétricos; empréstimos para
 pequenos fornecedores; mas nada que fará alguma diferença de fato.
No mesmo dia, a Ford afirmou que os seus prejuízos na Europa seriam
 muito piores do que o esperado e ultrapassariam a marca de US$ 1 bilhão.
 Quando a Fiat anunciou seus resultados, em 31 de julho, um aroma
 agradável cruzou o Atlântico a partir de uma Chrysler revitalizada –
 da qual a Fiat detém 62% – ajudando a amenizar o mau cheiro que emana 
das operações europeias da Fiat, cujas vendas já caíram em 18% só 
neste ano. As coisas também não cheiram bem na divisão europeia
 da GM, Opel-Vauxhall: o seu presidente foi substituído este mês
pela segunda vez em oito meses. Espera-se que a Opel perca mais
 de US$ 1 bilhão neste ano, o que será acrescentado às perdas de 
 US$ 14 bilhões desde 1999.
Algumas boas notícias

Contudo, conforme a Peugeot e a Ford anunciam as suas más notícias, 
a alemã Daimler afirma que os seus lucros no primeiro semestre 
aumentaram um pouco, para US$ 3,5 milhões: certamente alto o
 bastante para colocá-la entre as montadoras europeias vencedoras.
 A Jaguar Land-Rover, sediada na Inglaterra, mas controlada por
 indianos, afirmou que criaria 1.100 empregos em uma unidade em
 Birmingham. Em 26 e julho a Volkswagen anunciou lucros recordes 
de US$ 8 bilhões no primeiro semestre, um aumento de 7% em relação
 ao ano anterior.
Mas de um modo geral, o mercado de carros da Europa Ocidental está
 no seu quinto ano de queda de vendas. Na Itália e na França as quedas
 foram de 20% e 14%, respectivamente. Além da enorme e eficiente VW,
 as montadoras que operam para os mercados de massa são as mais
 atingidas: marcas de luxo como a BMW e a Land Rover estão
 experimentando um aumento da demanda de exportações para
 mercados emergentes. A compatriota da Peugeot, a Renault, também
 está sofrendo com vendas decrescentes, ainda que tenha se
movimentado mais rapidamente para remover sua linha de 
produção da custosa França.
As montadoras mais fracas têm todo tipo de plano para reduzir
ou compartilhar os seus custos. Elas também estão apelando para 
que os governos cortem impostos trabalhistas. Todavia, Stefano Aversa
, da AlixPartners, uma empresa que presta serviços de consultoria
 para montadoras em reestruturação, argumenta que apenas cortes
 drásticos, que incluem o fechamento de até 12 linhas de montagem,
 serão o suficiente para recuperar o prumo das montadoras, especialmente
 considerando que o mercado automobilístico norte-americano não
 retornará ao seu nível pré-crise até o início da década de 2020.
Aos governos falta o dinheiro necessário para pôr em prática esquemas 
de compra de ativos insolventes para estimular a venda de carros. 
Estes estão sendo forçados a aumentar os impostos em vez de cortá-los
, como seria do agrado das montadoras. Aos políticos que querem ajudar,
 resta apenas uma opção: não atrapalhar as montadoras a fazer os cortes 
que precisam ser feitos para que elas sobrevivam no longo prazo.

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