terça-feira, 2 de agosto de 2011

Argentina implanta sistema de radar para proteger fronteira norte

http://www.segurancaedefesa.com/RadarMET3.jpgPor Janie Hulse
Depois de quase 15 anos da proposta inicial, a Argentina reforça vastas extensões de seus céus desprotegidos.
A presidente Cristina Fernández de Kirchner recentemente anunciou a instalação de 20 radares — além de aviões de caça e mais de 200 pessoas especialmente treinadas — para monitorar e proteger as fronteiras do norte do país com Paraguai, Brasil e Bolívia.
“De acordo com relatórios elaborados por pilotos da Aeronáutica em exercício no nordeste da Argentina, existem dezenas de rotas de voo ilegais na região”, disse Roberto López, advogado e ex-consultor da Comissão de Defesa Nacional da Câmera dos Deputados do país.
Esses relatórios indicam que 358 voos ilegais foram detectados durante um exercício de treinamento realizado há vários anos. Isso equivale a cerca de 120 aeronaves transportando mais de 50 toneladas de mercadorias ilegais por mês.
O projeto de US$ 1,8 bilhão (R$ 2,7 bilhões) é parte de um programa nacional maior elaborado em 2004, e que tinha um propósito duplo: proteger o território argentino do tráfego aéreo ilícito e, ao mesmo tempo, fortalecer o desenvolvimento tecnológico através do uso de equipamentos fabricados no próprio país.
Os radares, incluindo um de defesa tridimensional, foram produzidos pela Invap, uma empresa localizada na cidade de Río Negro, no sul do país. Recentemente, a Invap colaborou com a NASA e outros parceiros internacionais no lançamento do satélite SAC-D Aquarius, da Califórnia. Esta foi a primeira produção de um radar 3D na Argentina, e a sua sede será uma base móvel no aeroporto de Santiago de Estero, onde terá a companhia de um centro de monitoramento tripulado e diversos caças Pucará.
O projeto, chamado de Escudo Norte, tem como foco o controle das aeronaves que entram e saem pela fronteira norte da Argentina com Paraguai, Brasil e Bolívia. Além de Santiago de Estero — que será o centro tecnológico do programa — também serão instalados radares em Resistencia (Chaco) e Posadas (Misiones). Os sistemas de detecção por radar existentes estão limitados aos terminais aeroportuários no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, além de aeroportos pequenos em Córdoba, Mendoza, Mar del Plata e Paraná.
Esse é um empreendimento de cooperação entre os Ministérios da Defesa e do Interior da Argentina, além das forças armadas e forças de segurança, Gendarmeria Nacional e Guarda Costeira. O projeto de radares no norte do país será administrado por 60 oficiais da Aeronáutica e 180 do Exército.
Isso ajuda a preencher a lacuna deixada anteriormente este ano, depois que a ministra da Segurança, Nilda Garré, mandou a Gendarmeria Nacional — que protegia as fronteiras da Argentina — colocar ordem nos subúrbios assolados por crimes no sul de Buenos Aires.
“Apesar de ser bom ter novos métodos de vigilância, é ingênuo pensar que enchendo a área fronteiriça de radares, iremos conseguir deter os traficantes de drogas que frequentemente viajam por terra e água”, disse Fabián Calle, especialista em defesa e professor das universidades Católica e Torcauto Di Tella.
A Argentina usa dois tipos de radares: 2D e 3D. Os radares bidimensionais oferecem velocidade e dados direcionais, enquanto os radares tridimensionais podem também detectar altitude, o que os torna mais úteis do ponto de vista da defesa, disse López, além de também poderem determinar se uma aeronave é amiga ou não, independente da cooperação de sua tripulação. López disse ainda que cerca de 11% das fronteiras da Argentina são monitoradas por radares 3D. Em 2006, o governo encomendou mais radares, porém sua produção está atrasada devido a irregularidades no processo contratação.
Depois de anos de trancos e barrancos, as instalações de radares estão acontecendo conforme um decreto assinado pelo ex-presidente Nestor Kirchmer em 2004. Conhecido como “Sistema Nacional de Vigilância e Controle Aeroespacial”, seu propósito era restaurar e atualizar uma lei de 1996 sancionada pelo então presidente Carlos Menem. O Plano Nacional de Radar original tinha um orçamento de US$ 46,3 milhões (R$ 71 milhões) e foi oficialmente embargado em 2000 pelo sucessor de Menem, o presidente Fernando de la Rúa.
O sistema de radar faz parte dos esforços antinarcóticos e antiterrorismo da Argentina.
“Dado o aumento das atividades de voos ilegais mundo afora e, mais especificamente, em nível regional, relacionadas ao contrabando e ao uso do espaço aéreo por terroristas”, a lei estabelece que “é essencial ter sistemas de radar e realizar um controle espacial eficaz.”
Os radares selecionados para o programa são equipamentos de vigilância terrestre portáteis RASIT, usados desde os anos 1980 para detectar alvos terrestres em movimento e alvos aéreos de baixa altitude, sendo conhecidos por sua capacidade de discriminar e classificar velocidade radial e som.
A Invap modernizou os RASIT, proporcionando-lhes uma capacidade consideravelmente mais abrangente, uma interface digital amigável e informações em tempo real para rastrear um alvo em um mapa digital sincronizado ao Instituto Militar Geográfico da Argentina.
Além dos radares, uma pequena unidade de aviões de caça estará pronta para entrar em ação e rapidamente interceptar voos suspeitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário