sábado, 25 de junho de 2011

 

Segunda usina nuclear: adequada para a Holanda?Assuntos relacion

Será uma boa ideia construir uma segunda usina nuclear na Holanda? É uma discussão que sempre ressurge e mais ainda agora, com um novo governo que é muito mais simpático à energia nuclear do que o anterior. Com ajuda francesa, a Delta, uma empresa holandesa de energia, estuda a construção de uma segunda central nuclear, muito maior do que a já existente. O que promete ser uma empreitada dispendiosa.

Energia atômica é cara e continuará sendo cara. Antes de mais nada, a energia nuclear – assim como todas as outras fontes de energia – depende de pesados subsídios.
“Centrais nucleares já existentes, em todos os países, inclusive na Holanda, foram criadas com suporte do Estado. E na verdade nota-se que em mercados liberalizados, onde subsídios estatais já não são possíveis, também já não se constrói mais usinas nucleares. Portanto, se surge em algum lugar uma nova central nuclear, sempre é com dinheiro do Estado.”
Quem fala é Peer de Rijk, diretor da Wise, uma rede internacional que se dedica ao debate sobre a energia nuclear. Rijk compreende por que o atual governo holandês é favorável a uma nova usina atômica. Segundo ele, é uma boa maneira de levar a mensagem ‘olhem como estamos lutando para baixar as emissões de CO2’.
Desvantagens
Mas a energia nuclear continua sendo controversa por causa do lixo radioativo, para o qual até hoje não se encontrou uma solução definitiva. E a extração de urânio, o combustível nuclear, é muito poluente.
Além disso, a estatal francesa EDF também não é uma boa parceira no que diz respeito à administração de custos. A EDF tem 82 usinas em todo o mundo e muita experiência na construção de centrais nucleares, mas o orçamento sempre é ultrapassado.
A nova central para a Holanda foi orçada em cerca de 4 bilhões de euros. Energia atômica é, portanto, cara. Mas isso é válido para quase todas as formas de produção de energia. Energia fóssil, por exemplo, recebe em todo o mundo subsídios da ordem de um trilhão de euros. E, em comparação, a energia sustentável – eólica, hidráulica, solar e de biomassa – é ainda mais cara.
Custos
Mas, segundo o especialista em energia Wim Turkenburg, há uma diferença. Os custos da energia sustentável, com o tempo, baixam, e os da energia nuclear não:
“Investindo em energia renovável você a aplica. E através desta aplicação, ficou provado que os custos de produção vão baixando. Portanto, vê-se aí um enorme efeito de aprendizagem com o qual os custos de investimento diminuem ano a ano. E o que vemos com a energia nuclear é que mesmo que continue sendo subsidiada, os custos de construção só aumentam.”
Opção a curto prazo
Isso não impede, segundo Turkenburg, que a energia atômica seja a curto prazo uma maneira de diminuir as emissões de CO2. A longo prazo, não é ideal. O problema do lixo atômico continua, e ela é inadequada para servir como back up caso a produção nacional de energia sustentável tenha algum problema. Se as turbinas eólicas pararem por falta de vento, não se pode ‘ligar’ uma central nuclear e ‘desligar’ quando não for mais preciso. Para isso as usinas a gás são muito mais adequadas.

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