domingo, 16 de fevereiro de 2014

MARINHA DO BRASIL REAPARELHAMENTO

MB - 20 NAVIOS PATRULHA



Normalmente licitados por lote, os navios-patrulha de 500 toneladas, do
 Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM), podem ser construídos
 a partir de uma única concorrência. Com previsão inicial de construção de 46 
embarcações desse tipo, por diretrizes de reestruturação, a Marinha do Brasil
 decidiu privilegiar 27 delas. Desse montante, duas já estão em operação e outras
 cinco em construção. Para as outras 20, a Marinha estuda uma estrutura 
de financiamento envolvendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
e Social (BNDES) e a Secretaria do Tesouro Nacional para fazer uma só licitação.

— É um modo inédito e estamos tentando desenvolver. A ideia seria uma licitação
 com um grande grupo, que vai ter que fazer uma sociedade de propósito
 específico. Se esse grupo assim quiser, terá acesso a financiamento do BNDES,
 desde que cumpra as egras do banco. É um modelo extremamente novo, que 
naturalmente temos dúvidas, mas estamos estudando com muito afinco para tentar
 tornar isso uma realidade — diz o coordenador do Programa de Reaparelhamento 
da Marinha (PRM), contra-almirante Petrônio Aguiar. Os navios, acrescenta ele,
 seriam arrendados à Marinha por 12 anos e, após esse prazo, a instituição
 teria a opção de compra das embarcações.

O primeiro lote dos navios-patrulha de 500 toneladas, que englobou duas 
embarcações, foi construído pelo estaleiro Inace, instalado no Ceará, e já foi
 incorporado à Marinha. Primeiro navio da classe, o NPa Macaé teve o batimento de
 quilha em novembro de 2006 e foi incorporado à Armada em dezembro de 2009. 
Já o batimento de quilha do NPa Macau aconteceu em julho de 2007 e foi
 incorporado em novembro de 2010. Outros cinco navios de um segundo lote
 estão sendo construídos pelo estaleiro Eisa, no Rio de Janeiro. O mais adiantado
 é o Maracanã, que será entregue em 2013. A entrega dos outros quatro, 
segundo Aguiar, será realizada até 2014.

Os navios-patrulha têm 55,6 metros de comprimento, boca máxima de 9,3 metros
 e calado máximo de 2,5 metros. O índice de nacionalização das embarcações
 está na faixa de 60% a 70%. No caso do navio Macaé, dentre os modernos
 sistemas nacionalizados estão o Sistema de Controle e Monitoramento de
 Máquinas (SCM); e o Terminal Tático Inteligente (TTI). O navio conta ainda
 com dois radares de busca de superfície, ambos fornecidos pela Sperry Marine
, um canhão 40mm 1.70 (AOS) e duas metralhadoras 20mm GAM B-01-2.
 O sistema de propulsão conta com dois MCP MTU 16 V 4000M90 e três
 grupos diesel-geradores MTU. Com velocidade máxima de 21 nós, a
 embarcação conta com quatro oficiais e 30 praças.

Dentro do PRM está também o Programa de Obtenção de Meios de Superfície
 (Prosuper), que prevê a construção de 11 navios. Deste total, cinco são navios
 escolta de seis mil toneladas, outros cinco são navios-patrulha oceânico de 1,8
 mil toneladas e um é de apoio logístico, de 13 mil toneladas. A Marinha recebeu
 a partir de 2009 propostas de sete países, que foram intensamente analisadas,
 e consideradas muito semelhantes. Atualmente, diz Aguiar, o assunto circula no
 ministério da Defesa e pode ser apresentado ao governo brasileiro ainda esse 
ano. Uma das exigências da Marinha é que o projeto seja de navios já existentes.

“A nossa prioridade é fazer negócio com países que já tenham os navios
 aprovados, que já existam. A partir daí será necessária transferência de
 tecnologia, os navios serão construídos em estaleiros nacionais privados ou 
públicos. Então é preciso preparar esses estaleiros, tem que ter mão de obra
 especializada para fazer os navios. A partir do momento que começa a produção,
 podemos imaginar que depois de 12 anos esses navios estariam prontos”
, acredita o contra-almirante. Segundo Aguiar, o acordo entre o Brasil e outra
 nação não necessariamente precisa envolver os 11 navios.

Enquanto não se define a situação dos navios escolta, no último mês de
 setembro o ministério da Defesa aprovou a licitação para a construção de
 quatro corvetas que, segundo Aguiar, se assemelham a esses navios. Embora
 as corvetas sejam menores — cerca de 2,5 mil toneladas —, a embarcação tem
 armamentos, sonar e sensores parecidos com os navios escolta. Elas serão
 construídas a partir do projeto da corveta Classe Barroso, mais recente da
 instituição e que foi produzida na década de 90 no Arsenal de Marinha. A 
administração marítima está atualizando o projeto, que deve ser concluído em
 2013 para que a construção seja iniciada no final de 2014 em estaleiro nacional.
 A embarcação leva cerca de cinco anos para ser construída.

Também em setembro chegou ao Brasil o mais novo navio-patrulha oceânico da
 Marinha. Com 1,8 mil toneladas, o Amazonas é uma das três embarcações
 compradas pela instituição da BAE Systems. Construída nas instalações da
 empresa, em Portsmouth, no Reino Unido, a embarcação será baseada no Rio
 de Janeiro. Este e outros dois navios iguais, que seriam inicialmente vendidos à
 guarda costeira de Trinidad e Tobago, foram oferecidos à Marinha por um preço
 extremamente barato: 40 milhões de libras cada um.

A tripulação do segundo navio, segundo Aguiar, está realizando cursos na Inglaterra
. A previsão é que o navio chegue ao Brasil em abril de 2013, também no Rio de
 Janeiro. O terceiro tem previsão de ser incorporado em abril do próximo ano e a
 tripulação deve viajar a Inglaterra no início do ano. Aguiar explica que os navios 
estão sendo preparados principalmente para ações antipirataria. “A vinda deles
 para o Brasil passa obrigatoriamente pelo continente africano, inicialmente pelo
 golfo da Guiné. Então esses navios irão a vários países africanos, mostrando
 nossa bandeira e fazendo até atividades de exercício de antipirataria com essas
 marinhas visitadas”, conclui.

O Programa de Obtenção de Submarinos (Prosub) também já é uma realidade. 
Um acordo assinado no final de 2008 entre os governos brasileiro e francês prevê 
a construção de quatro submarinos de propulsão convencional e um de propulsão
 nuclear, além da construção de um estaleiro e de uma base naval, que já está 
sendo implantada no município de Itaguaí, no Rio de Janeiro.

As duas primeiras sessões do primeiro submarino convencional foram fabricadas 
na França e até o final do ano chegam ao Brasil. A conclusão do submarino está
 prevista para meados de 2017. Já os outros três, destaca Aguiar, serão 
completamente construídos no Brasil na base naval, em Itaguaí. Neste mês
 de novembro, inclusive, será inaugurado o primeiro complexo da base de 
submarinos, onde serão trabalhados os primeiros módulos do submarino.
 Aguiar estima que a base e o estaleiro devem estar prontos até o final de 2014.

O acordo Brasil-França prevê a construção do submarino nuclear, com exceção 
da planta nuclear, que está sendo totalmente desenvolvida no Brasil. O

 contra-almirante destaca a importância no projeto do programa programa
 nuclear da Marinha (PNM), que é desenvolvido no Centro Experimental de
 Aramar, localizado na cidade de Iperó, no estado de São Paulo. “A Marinha
 desenvolveu há alguns anos uma centrífuga e hoje já conseguimos pensar
 em enriquecer urânio. Com esta tecnologia desenvolvida, a Marinha já há
 alguns anos desenvolve a planta da propulsão desse submarino”, diz.

O projeto do submarino de propulsão nuclear teve início em 2010 com a
 transferência de tecnologia e o desenvolvimento do projeto, que deve ficar
 pronto até 2018. Em paralelo a isso, entre 2016 e 2022, o submarino será
 construído. A transferência de tecnologia visa incentivar a base industrial de 
defesa nacional. “Temos uma relação excelente com as indústriasbrasileiras
. O submarino é complexo, terá muitos equipamentos e temos realmente
 preocupação de empregar a indústria brasileira para isso”, diz Aguiar.

Por isso, o ministério da Defesa, através da Secretaria de Produto de Defesa,
 criou o Sistema de Empresa de Indústria de Defesa Nacional e desde 2011
 começou a cadastrar as empresas que estão aptas a fornecer a Marinha.
 Até o meio do ano, 50 empresas foram cadastradas. “São empresas de toda
 qualidade de material, navipeças em geral voltadas naturalmente para a
 defesa nacional”, detalha ele.

Exclusivamente para o Prosub, por ter materiais específicos para equipar os
 submarinos, é necessário que as empresas sejam certificadas pela própria
 Marinha. “Essas empresas têm que cumprir alguns pré-requisitos, tanto de
 tecnologia como de mão de obra especializada. É um trabalho minucioso, mas 
estamos vendo muito interesse da própria indústria em participar dessa atividade”,
 avalia. Ainda não é possível ter condições de estabelecer o índice de conteúdo
 local dos submarinos, mas o objetivo, segundo o coordenador do PRM, é 
nacionalizar “o máximo possível”. (Revista Portos e Navios)

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