Toda essa publicidade para exibir o “Robocop da PM” serve para
mostrar o quanto estamos despreparados para ouvir o clamor das ruas
e de conviver com o contraditório.
Em vez de atender aos anseios da população nos quesitos saúde, transporte e educação – que levaram milhares de pessoas
às ruas desde junho passado — os governos gastaram fortunas para armar
seus policiais e caminhar na contramão das novas regras, que não permitirão
que se use máscaras durante protestos de rua.
O policial mascarado – travestido de herói do cinema – terá carta branca para aplicar choques elétricos e golpes de lutas marciais no primeiro Zé Mané que cruzar a sua frente. A introdução do “Robocop” é um grande equívoco e vai aumentar o tom da violência nas manifestações de rua.
Ao se armar cada vez mais contra a população, a força de repressão
vai estimular o revide — como na lei da ação e da reação (ou da causalidade)
descrita por Newton que diz que toda ação provoca uma reação de mesma
intensidade e direção, mas em sentido oposto. Foi o que ocorreu há alguns
dias na Ucrânia: Estado e população trocaram tiros, explosivos e bombas
incendiárias – deixando dezenas de mortos e um presidente foragido.
A Venezuela de Maduro segue pelo mesmo caminho.
Triste ver que uma pessoa blindada desse jeito estará blindada
também para causar danos físicos e morais em terceiros sem ser
identificada – com a conivência do Estado. É a evolução das sessões
de tortura – que deixarão a caserna e os subsolos dos tempos do regime
militar – para causar dor e sofrimento em plena luz do dia, mantendo
impunes seus autores.
Difícil imaginar que uma ideia dessa tenha saído da cabeça de governantes
que se dizem democráticos e, muitos deles, vítimas do regime militar.
FONTE OPINIÃO & NOTICIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário