terça-feira, 2 de julho de 2013

FITOTERAPIA CADA VEZ MAIS PESQUISADA NO BRASIL


UM POUCO SOBRE FITOTERAPIA






As plantas medicinais vêm sendo utilizadas 
pelo homem ao longo de toda a história da
 humanidade no tratamento e cura de 
enfermidades. É uma prática que nasceu
 provavelmente na pré-história, quando,
 a partir da observação do comportamento
 dos animais na cura de suas feridas e
 doenças, os homens descobriram as 
propriedades curativas das plantas e
 começaram a utilizá-las, levando ao 
acúmulo de conhecimentos empíricos 
que foram passados de geração para
 geração (FERRO, 2006).

Histórico

Os indícios sobre a prática da Fitoterapia 
são muito antigos e encontrados em todo o
 mundo. O primeiro manuscrito conhecido
 sobre essa prática é o Papiro de Ebers
 (1500 a.C.), que descreve centenas de
 plantas medicinais. No Egito, várias plantas 
são mencionadas nos papiros, e na Grécia,
 Teofrasto (372-285 a.C.), discípulo de 
Aristóteles (384-322 a.C.), catalogou cerca
 de 500 espécies vegetais. Hipócrates 
(460-361 a.C.), considerado o pai da medicina,
 utilizava drogas de origem vegetal em seus 
pacientes e deixou uma obra – Corpus
 Hippocraticum, que é considerada a mais
 clara e completa da Antiguidade no que se
 refere à utilização de plantas medicinais 
(ALMASSY JÚNIOR et al. 2005; ALONSO,
 1998; WAGNER e WISENAUER, 2006).
Durante muito tempo, as plantas medicinais
 foram utilizadas em rituais religiosos e na 
cura de doentes pelos curandeiros e feiticeiros. 
O pensamento hipocrático estabeleceu uma
 concepção holística do Universo e do homem,
 visando o tratamento do indivíduo e não apenas
 da doença. Já na Idade Média, a concepção de
 mundo máquina levou à difamação daqueles 
que detinham o conhecimento sobre as plantas
 medicinais, considerados como bruxos e 
condenados à fogueira (ALMASSY JÚNIOR 
et al. 2005; ALONSO, 1998; ALVIM et al. 2006).
Na Idade Moderna, com o desenvolvimento da
 pesquisa e metodologia, as terapêuticas sem 
base científica, como a Fitoterapia, foram
 marginalizadas (ALMASSY JÚNIOR et al.
 2005, p.19-22; ALVIM et al. 2006).
No mundo, a Fitoterapia desenvolveu-se
 dentro das Medicinas Chinesa e Ayurvédica.
 A Fitomedicina na Europa tornou-se uma
 forma de tratamento predominante. No Brasil,
 a terapêutica popular foi desenvolvida com as
 contribuições dos negros, indígenas e 
portugueses (ALMASSY JÚNIOR et al. 2005;
 ALVIM et al. 2006; WAGNER e 
WISENAUER, 2006).
A partir do século XX, o desenvolvimento
 da indústria farmacêutica e os processos de
 produção sintética dos princípios ativos
 existentes nas plantas contribuíram para a 
desvalorização do conhecimento tradicional 
(ALMASSY JÚNIOR et al. 2005; ALONSO,
 1998; WAGNER e WISENAUER, 2006).
Ao final da década de 1970, a Organização
 Mundial da Saúde (OMS) cria o Programa 
de Medicina Tradicional, com objetivos de
 proteger e promover a saúde dos povos do
 mundo, incentivando a preservação da
 cultura popular sobre os conhecimentos da
 utilização de plantas medicinais e da
 Medicina Tradicional (BRASIL, 2006;
 WHO, 2002;)
A OMS recomenda aos estados-membros “o
 desenvolvimento de políticas públicas para
 facilitar a integração da medicina tradicional
 e da medicina complementar alternativa nos 
sistemas nacionais de atenção à saúde, assim
 como promover o uso racional dessa
 integração” (BRASIL, 2006). Para isso,
 são necessários promover a segurança,
 eficácia, qualidade, acesso e uso racional
 dessas práticas (WHO, 2002).
Em 1989 foi fundada a ESCOP (European
 Scientific Cooperative on Phytotherapy)
 – Cooperativa Científica Européia de
 Fitoterapia –, com os objetivos de estabelecer 
critérios harmônicos para o acesso aos 
produtos fitoterápicos, dar suporte para a
 pesquisa científica e contribuir para a 
aceitação da Fitoterapia na Europa
 (SCHILCHER, 2005).
Em 1978, foi estabelecida a Comissão E, uma
 divisão da Agência Federal de Saúde da 
Alemanha que coleta informações sobre as 
plantas medicinais e as avalia de acordo com
 a segurança e eficácia. É responsável pelo 
registro e preparação de fitofármacos, processa
 os dados científicos funcionais das preparações
 das plantas e ervas medicinais para produzir
 monografias. A Comissão E combina dados 
científicos com conhecimento tradicional, e
 publicou cerca de 300 monografias 
(SCHILCHER, 2005; WHO, 1998).
A OMS lançou três volumes de monografias
 de plantas medicinais, fruto de uma ampla
 revisão sistemática da literatura científica e
 revisão de especialistas do mundo inteiro, com
 objetivos de auxiliar a segurança e efetividade 
no uso da Fitoterapia nos sistemas de saúde
 (WHO, 1999; WHO, 2001; WHO, 2007).
Em 2006, foi criado no Brasil o Programa
 Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos,
 com objetivo de “garantir à população brasileira
 o acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da
 biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia
 produtiva e da indústria nacional” (BRASIL, 2006).

Conceito

A Fitoterapia é uma palavra que une dois radicais 
gregos: “phyton”, que significa planta, e “therapia”,
 tratamento. É a terapêutica caracterizada pelo uso
 de plantas medicinais em suas diferentes formas
 farmacêuticas, sem a utilização de substâncias
 ativas isoladas, ainda que de origem vegetal (BRASIL, 2006).

Formas de atuação

As plantas medicinais possuem princípios ativos, ou seja, compostos químicos produzidos durante o metabolismo da planta, que lhe conferem a ação terapêutica (WAGNER e WISENAUER, 2006). Há diversas formas de utilização, que dependem da parte do vegetal a ser utilizada, do tipo de efeito desejado e da enfermidade a ser tratada (NA).
As plantas medicinais podem ser utilizadas sob a forma de infusão, decocção, maceração, tintura, extratos fluido, mole ou seco, pomadas, cremes, xaropes, inalação, cataplasma, compressa, gargarejo ou bochecho (WAGNER e WISENAUER, 2006).

Contra-indicações

A utilização de plantas medicinais não é isenta de efeitos colaterais, interações medicamentosas ou contra-indicações. Apresentam substâncias que podem ser tóxicas, desencadeando reações adversas. Além disso, a utilização da dose incorreta, da parte da planta indevida ou auto-medicação errônea podem causar efeitos colaterais indesejáveis (TUROLLA e NASCIMENTO, 2006).
São necessárias medidas de conscientização da população e educação dos profissionais de saúde para que o uso racional das plantas medicinais seja disseminado. Há grupos como crianças, idosos, lactantes, gestantes e portadores de doenças graves que merecem atenção especial e não podem utilizar a Fitoterapia de maneira indiscriminada, devendo levar em consideração as dosagens e contra-indicações. Além disso, é importante ressaltar que há possibilidades de interação medicamentosa entre a Fitoterapia e o uso de alopáticos, tornando ainda mais necessária a conscientização da população e o cuidado com a auto-medicação (NA).

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