quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

NOSSAS HOMENAGENS POSTUMAS A DOM PAULO EVARISTO ARNS



Morre aos 95 anos dom

 Paulo Evaristo Arns



Morreu no final da manhã hoje (14), em São Paulo, o Cardeal Dom Paulo 
Evaristo Arns. Ele estava internado desde o dia 28 de novembro com
 broncopneumonia, no hospital Santa Catarina. Ontem (13), o estado 
de saúde do arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo havia
 piorado ele estava na UTI em função de problemas na função renal.
Dom Paulo tinha 95 anos, 71 anos de sacerdócio e 76 anos de vida 
franciscana. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano
 de São Paulo entre 1970 e 1998.
O velório terá início no final da tarde na Catedral da Sé.
O trabalho pastoral de Arns foi voltado principalmente aos habitantes 
da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais 
de base nos bairros e à defesa e promoção dos direitos humanos. 
O portal Memórias da Ditadura, do Instituto Vladimir Herzog, relata parte 
da atuação do cardeal, que ganhou destaque já em 1969, quando passou 
a defender seminaristas dominicanos presos por ajudarem militantes
 opositores.
Biografia
Dom Paulo Evaristo Arns nasceu no dia 14 de setembro de 1921 em 
Forquilhinha (SC) e ingressou na ordem franciscana em 1939. Foi
 ordenado presbítero em novembro de 1945 na cidade de Petrópolis (RJ). 
Frequentou a Sorbonne de Paris, onde estudou patrística (filosofia cristã) 
e línguas clássicas. Foi professor e mestre dos clérigos e chegou a atuar 
como jornalista profissional. Trabalhava como vigário nos subúrbios de 
Petrópolis quando foi indicado bispo auxiliar de Dom Agnelo Rossi, em 
São Paulo, em 1966. Foi nomeado arcebispo de São Paulo em outubro
 de 1970, aos 49 anos.
Com formação em filosofia e teologia, Arns escreveu 56 livros e recebeu
 mais de uma centena de títulos nacionais e internacionais. Entre seus
 livros mais conhecidos está Brasil: Nunca Mais, um projeto conduzido
 de forma clandestina entre os anos de 1979 e 1985, desenvolvido pelo 
Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo, sob a 
coordenação do reverendo Jaime Wright e de Dom Paulo e que retrata
 as torturas e outras graves violações a direitos humanos durante a
 ditadura militar brasileira.
Entre outros episódios de sua trajetória, destacam-se também sua 
atuação contra a invasão da Pontifícia Universidade Católica (PUC), 
comandada pelo então secretário de Segurança Pública de São Paulo
 coronel Erasmo Dias, em 1977, e o planejamento da operação para 
entregar ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, uma lista
 com os nomes de desaparecidos políticos.
Em março de 1973, ele presidiu a “Celebração da Esperança”, em
 memória do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura.
 No ano seguinte, acompanhado de familiares de presos políticos, 
apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê relatando 
os casos de 22 desaparecidos. Em outubro de 1975, celebrou na 
Catedral da Sé o histórico culto ecumênico em homenagem ao
 jornalista Vladimir Herzog, morto pelo regime militar. Anos depois 
defendeu o voto popular na campanha Diretas Já.
Em outubro deste ano, ele foi homenageado no Teatro da Pontifícia 
Universidade Católica (Tuca), na capital paulista, pelos seus 95 anos
 de vida, e pela sua atuação política. A cerimônia foi marcada por
 relatos de ações de Arns contra a ditadura militar, nas décadas de 
60 e 70, e em defesa dos direitos humanos. O papa Francisco enviou
 uma mensagem especialmente para a comemoração. O cardeal
 compareceu e fez uma breve fala de agradecimento ao final. 
Posições firmes
Em entrevista à BBC Brasil, em abril de 2014, o ativista de direitos 
humanos argentino Adolfo Perez Esquivel, de 82 anos, ganhador do 
Prêmio Nobel da Paz em 1980, disse que foi salvo duas vezes por 
dom Paulo Evaristo Arns durante a ditadura no Brasil. "Dom Paulo,
 certamente, falou com autoridades do Brasil para que eu fosse 
liberado. Mas não sei as gestões exatas que ele fez. O que sei é
 que ele não perdeu tempo em organizar uma manifestação na porta
 da delegacia para me salvar. E me salvou", disse.
O cardeal mantinha posições firmes. Em 1984 defendeu a instalação
 da Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração
 de 1988 - que só viria a ser instalada em 1987. "Toda crise é
 momento de mudanças qualitativas. A crise que estamos atravessando 
é profunda. Estamos procurando deixar para trás uma fase pouco
feliz da nossa História. A Constituinte será ocasião de preparar
 estruturas para a nova etapa. Considero essencial que ela se 
instale e comece o seu trabalho o mais cedo possível", disse Arns
 na publicação Lua Nova: Revista de Cultura e Política.
A palavra esperança fazia parte dos discursos do cardeal. Na 
cerimônia de posse como arcebispo de São Paulo, perante cerca 
de 5 mil fiéis, declarou: “Venho do meio do povo desta arquidiocese 
a que já pertencia, do clero a quem amo e de quem sou irmão, dos 
religiosos que comigo se esforçam para serem sinal e esperança 
dos bens que estão para chegar, dos leigos que entendem o serviço 
aos irmãos como tarefa essencial de sua existência."
A palavra também foi dita quando soube da morte da irmã,
 Zilda Arns, vítima do terremoto no Haiti em 2010: "Que nosso
 Deus em sua misericórdia acolha no céu aqueles que na terra 
lutaram pelas crianças e pelos desamparados. Não é hora de 
perder a esperança. Ela morreu de uma maneira muito bonita, 
morreu na causa que sempre acreditou".
* Colaborou Elaine Patrícia Cruz. Com informações do portal
 Memórias da Ditadura e da Arquidiocese de São Paulo
Edição: Maria Claudia
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-12/
morre-em-sao-paulo-o-cardea-d-paulo-evaristo-arns-aos-95-anos

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