Na tarde desta terça-feira, estudantes retornaram ao plenário da
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para cobrar a instalação
de uma CPI que apure o esquema de propina na contratação de
fornecedores de merenda escolar.
O que não havia dado certo antes, funcionou hoje. Infelizmente. Tanto
o Coronel Telhada (PSDB), que havia dito não estar ali a troco de pão
e mortadela, como o deputado Campos Machado (PTB), haviam
passado a tarde inteira da sessão na semana passada provocando,
atiçando a ira de professores e estudantes e feito ameaças de pedir
intervenção de força policial.
Hoje, 1º de março, novamente o deputado Coronel Telhada provocou
os jovens presentes nas galerias. Ao receber vaias, incitou os policiais
a prenderem os mais ruidosos. Dois alunos (Renata Letícia e
Douglas) foram imobilizados, detidos e levados para o 36º DP.
O PSDB e seu esquema de propinas faz de tudo para não ser
investigado, ninguém até agora foi punido ou mesmo deu uma
explicação razoável e quem vai preso é quem clama por justiça,
por educação, por comida?
Desde a volta às aulas no início deste ano, cidades inteiras como
Ubatuba, Americana, Caieiras, Franco da Rocha e mais dezenas
de escolas da rede estadual de ensino da capital (resultando em pelo
menos 90 mil alunos) estão recebendo a já famosa “merenda seca”:
uma caixinha de 200 ml de achocolatado e um pacotinho com
5 biscoitos. Mas se reclamarem vão em cana.
Nesta mesma terça-feira soubemos que o governo Geraldo Alckmin
cortou mais da metade (53%) do orçamento para o programa Ler
e Escrever, voltado para o ensino fundamental (do 1º ao 5º ano)
. Bem avaliado por especialistas e professores, o programa inclui
elaboração de materiais, formação e treinamento de equipes.
Tem mais. Pais informam encontrar dificuldade na hora da matrícula
devido a superlotação (quando o governo diz haver queda na demanda)
e fechamento de turmas (mais de mil salas foram fechadas segundo
a APEOESP).
Professores alegam também que o contrato com a fornecedora Gimba
foi cancelado, portanto, materiais de escritório, de informática e
limpeza não estão sendo repostos. Muitas impressoras já estão
inoperantes e eles reclamam da falta de estrutura para trabalhar.
Como pode tudo isso? Para professores e alunos não resta dúvida. É
retaliação pura em decorrência da greve no primeiro semestre e das
ocupações das escolas no segundo semestre de 2015.
Mas São Paulo parece viver a síndrome de Pollyana. Geraldo Alckmin
levou o fornecimento de água à beira do colapso e ainda assim foi
condecorado por boa gestão. Ele está querendo descobrir onde fica o
nível ‘volume morto’ na educação? Os anúncios feitos pela pasta
educação de seu governo na tentativa de contornar os problemas
ou fornecer soluções são sofríveis.
A Secretaria de Educação informou que o programa Ler e Escrever
não será descontinuado e sim tocado pelo pessoal formado pelo
próprio programa (e com menos da metade verba). Já para a merenda,
afirmou que haverá um aumento de 10% no repasse para prefeituras.
Em tempo: o valor atual é de R$ 0,50 na maioria das cidades. Com o
estupendo reajuste, irá para R$ 0,55. Fartura pouca é bobagem.
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