Republicado a pedidos
Igor Romanov
Alberto Bilac de Freitas
A Idade das Trevas
Capítulo I - A Precarização do Estado
A assunção do tucanato ao poder,
em 1994, trouxe ao cenário político
nacional não apenas FHC, com seu
jeito melífluo e convincente de ser.
Não. Trouxe um
establishment político‑ideológico‑industrial‑corporativo‑colonial
que assumiu os postos de comando
do Estado com um apetite jamais
visto! Como uma horda de
nômades mongóis que chegasse
ao conforto urbano, os tucanos
plugaram suas ventosas sobre
as instâncias decisórias e os cargos
da República e passaram a sugar,
para si e seus correlatos da
iniciativa privada, os recursos do
Estado com uma sanha que deixaria
os velociraptors colonialistas da Era
Bush, Wolfovitz à frente, corados
de vergonha!
Como justificativa desse assalto
ao aparelho do Estado, os tucanos
precisavam de um imbricamento
ideológico que lhes desse
suporte teórico ao desmanche
do conceito e das estruturas do
Estado! Com Sérgio "Trator"
Mota à frente, os ideólogos do
tucanato criaram e difundiram à
exaustão, via mídia domesticada
e partícipe, a tese de que o
Estado era ineficiente, perdulário
e inepto! Em contraponto,
surgiram os príncipes
privatistas tucanos, personificados
em Ricardo "No Limite da
Irresponsabilidade" Sérgio e
em Luiz Carlos Mendonça de Barros,
afirmando que a salvação da lavoura
e do Estado era o fim do próprio
Estado! Eram os arautos do
Deus Mercado, tatcheristas
tupiniquins e temporões, que
vinham para acabar com a farra
do investimento público e com o
papel regulador do Estado! Diziam
abertamente que o Estado fazia
mal até suas funções de regulador!
E que, pasmem, para regular o
mercado, nada melhor que o
próprio mercado! É! Espantosa e
criminosamente simples assim!
E aí Deus (não o Senhor, mas o
Mercado) criou as agências
reguladoras! E viu que era
bom! Muito bom! Principalmente
para os amigos tucanos que
passaram a comprar as empresas
estatais a preço de banana
na feira! E tome Embratel,
Telebrás, Vale do Rio Doce!
Com as agências definindo o
quinhão de lucro que cada
operadora privada deveria ter!
E o lucro haveria de ser grande
e duradouro, que ninguém era
besta de empatar dinheiro sem
retorno! Enquanto isso, a
escumalha (nós, a massa ignara)
era bombardeada pela mídia com
as notícias de que, agora sim,
a coisa vai! Era o fim da Era Vargas!
Era o começo do vintenário tucano
na Terra Brasilis, profetizado
por Sérgio Mota! Vivia‑se um
clima de euforia anti‑estatista nas
ruas! Servidores públicos eram
execrados aos magotes, nas sessões
de auto‑elogio do governo! Bresser
Pereira bradava colérico: vamos
acabar com a farra no serviço
público (nunca se chegou a saber
exatamente o tipo da farra)!
Enquanto os privatistas avançavam
sobre o espólio da Viúva, FHC, com
frêmitos de gozo, recebia títulos
de doutor honoris causam mundo afora!
Hoje, esse cenário parece impossível!
Mas, à época não! Os falcões tucanos
(um paradoxo insolúvel) estavam
inebriados! Haviam descoberto a
pólvora das fontes eternais
do Estado! Só que esqueceram
de um detalhe pequeno: o
povo! Enquanto os formuladores
tucanos pregavam na igreja
do mercado que a extrema
competência da iniciativa
privada traria prosperidade e
bonança para todos, apenas os
diáconos tucanos e seus amigos
financistas se davam bem! O
povo, após a crise russa, desconfiava
que havia caído num grande
e bem contado conto‑do‑vigário!
Num estelionato ideológico sem
precedentes! O golpe no fígado
veio com a eleição de 2002,
com Lula! O uper cut no queixo
veio com a reeleição de 2006!
O povo deu o seu recado claro e direto:
ele é o dono do Estado e não aceita
intermediários! Um segmento dos financistas
e operadores insiste na agenda rejeitada
pelo povo, na eleição! São os cabeças
‑de‑planilha, expressão cunhada por Luis
Nassif para definir os yupizinhos com
mestrado em Harvard, que ainda insistem
em nos impor sua agenda nefasta! São
os rebotalhos daqueles tucanos heróicos
que pensavam em reinar 20 anos na cena
política brasileira! Graças a Deus, deram com
os burros n'água! A sociedade brasileira
agradece‑lhes o fracasso! A Octaetéride
tucana durou o tamanho exato da quase
destruição do Estado! Que sirva de vacina
e de contra‑veneno para o futuro!
Igor Romanov
Alberto Bilac de Freitas
Nenhum comentário:
Postar um comentário