segunda-feira, 17 de outubro de 2016
ESTUDO DO CNJ. MARAJÁS BRASILEIROS,
JUÍZES GANHARAM 46 MIL
MENSAIS EM 2015. Por André Barrocal
Em
um país em que a renda per capita mensal foi de 1,1 mil reais
em 2015, é como
se cada magistrado valesse 41 cidadãos
Os
juízes brasileiros vivem em um paraíso. No ano passado,
embolsaram 46,1 mil
reais mensais de remuneração, em média.
Em um país em que a renda per capita
mensal foi de 1,1 mil
reais em 2015, segundo informações do IBGE, é como se
cada magistrado valesse 41 cidadãos.
Os
vencimentos dos 17 mil togados foram conhecidos nesta
segunda-feira 17, em uma
radiografia anual do Judiciário divulgada
pelo Conselho Nacional de Justiça,
órgão existente para fiscalizar
tribunais. Os servidores à disposição dos
juízes também ganharam
bem: salário médio de 11,8 mil mensais em 2015.
Os
contracheques no Judiciário nacional fazem dele o mais caro do
planeta. No ano
passado, o poder consumiu 79,2 bilhões de
reais dos cofres públicos, o
equivalente a 1,3% das riquezas
geradas no período (PIB). Mais do que em 2014 -
apesar de
2015 ter sido um ano de forte recessão econômica -, quando
mordera
68,4 bilhões de reais, ou 1,2% do PIB.
Ao
lado dos procuradores de Justiça, os juízes e seus
funcionários representam “os
verdadeiros marajás” brasileiros,
na opinião do sociólogo Jessé Souza,
ex-presidente do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e
professor de
ciência política da Universidade Federal Fluminense.
O
rendimento médio dos magistrados extrapola o valor que,
pela legislação,
deveria ser o limite máximo pago no serviço
público: 33,7 mil mensais, salário
de um ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF).
Uma
lei enviada pelo governo em setembro do ano passado ao
Congresso a disciplinar
o teto salarial dos servidores está
parada na Câmara, por falta de interesse do
Judiciário e
dos deputados, muitos dos quais são investigados pela Justiça.
Se
ajuda a brecar a votação do teto salarial, o Judiciário,
ao menos na figura de
representantes ilustres, saiu em
defesa do teto de gastos que o governo Michel
Temer quer
aprovar para os próximos vintes anos, congelamento que
afetará as
verbas da saúde, educação e assistência social.
Na
sexta-feira 14, a presidente do STF, ministra Carmen
Lúcia, recebeu em seu
gabinete o ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, autor intelectual da
chamada PEC 241,
e mostrou simpatia pela proposta. Dias antes, o
presidente do
Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar
Mendes, também do STF, mandara ao Congresso
um comunicado de apoio ao congelamento.
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