sábado, 26 de novembro de 2016

Son Cubano Mix 2







Cuba antes de Fídel era

 tratada como Bordel de 

luxo pelos americanos e 

lugar para tirar café

charuto-em-cuba
“Pierre, preciso de sua ajuda”, disse um solene John Fitzgerald 
Kennedy para seu assessor Pierre Sallinger, ao chegar ao seu 
gabinete, na Casa Branca, no dia 7 de fevereiro de 1962. Era
 véspera do embargo que seria assinado pelo então presidente do
 Estados Unidos a Cuba de Fidel Castro.
“Ficaria encantado em ajudá-lo”, respondeu o assessor, pouco 
antes de ouvir um dos mais estranhos pedidos feitos por um 
inquilino da Casa Branca. “Necessito de muitos puros”, continuou
 o presidente.
Salinger teve um calafrio. Perguntou exatamente de quantos
 JFK precisaria. “Uns mil Petit Uppman”. Um calafrio ainda
 maior quando ouviu que a entrega deveria ser efetuada “ainda
 amanhã de manhã”.
O assessor se virou como pode e conseguiu notáveis 1.200 charutos
 cubanos da marca preferida de JFK. Ao tomar conhecimento
 da chegada da encomenda, Kennedy pegou um grande papel 
em sua gaveta e o assinou imediatamente.
A partir daquele momento, os charutos cubanos, como de resto
 todos os demais produtos cubanos, estavam proibidos nos
 Estados Unidos.
Esse era o tipo de hipocrisia, malandragem e pequenice a que os 
presidentes nos EUA estavam acostumados a tratar Cuba até
 então. A ilha, distante apenas 144 quilômetros da Flórida, era 
tratada como quintal, parque de diversões, bordéu a céu aberto.
E quem conhece de perto as entranhas do poder do regime 
cubano sabe que este é um dos grandes temores de uma eventual
 abertura ao capitalismo e, mais do que isso, às negociações com
 os EUA: evitar uma volta aos tempos pré-revolução. Um tempo 
de esbórnia para os endinheirados estadunidenses, amalgamados
 com corruptelas cubanas. Uma enxurrada de dólares,
 prostituição, jogatina e crime organizado.
Bananas ou tirânicos
Desde 1898, quando livrou Cuba do domínio espanhol, até 1959,
 a América do Norte reinou absoluta naquela região do Caribe. 
 Os presidentes eleitos depois da desocupação militar da ilha, em
 1902, resumiam-se a dois tipos bem característicos: ou eram
 frouxos e incompetentes ou tirânicos e corruptos
Mas nem quando extrapolaram, desrespeitando direitos humanos 
e apelando para golpes (Fulgêncio Batista derrubou o ditador 
Gerardo Machado em 1933 e o banana Prío Socarrás em 1952), 
receberam críticas ou ameaças de Washington. Afinal, eram
 amigos, comparsas ou simplesmente úteis aos negócios 
norte-americanos, à consolidação do que apregoava uma 
estrofe de um sucesso musical da década de 1940: o rum e a 
Coca-Cola workin’ for the yankee dollar (trabalhando 
juntos para o dólar).
O sonho de uma “Cuba libre” resumiu-se ao drinque inventado
 pelos soldados enviados pelo presidente William McKinley para 
expulsar os espanhóis da ilha. José Martí, morto numa emboscada
 em 1895, não chegou a ver Cuba livre do secular ocupante europeu,
 mas alertou para a possível substituição dos espanhóis pelos
 norte-americanos.
Muitos anos mais tarde, os cubanos entravam com o rum, a
 cana-de-açúcar, os charutos, a música, as mulheres e a jogatina.
Os norte-americanos com os investimentos, a Coca-Cola, os carros 
de última geração e todo o excedente da  produção industrial made
 in USA.
Cuba era um quintal. Um paraíso fiscal e um bordel de luxo.
Consta que o próprio JFK, então senador, andou por lá participando
 de uma orgia com três call-girls no Hotel Comodoro. Foi a convite
 do mafioso Santo Trafficante.
Com Batista no poder – que Fidel e Che Guevara derrubaram
 – o quintal conquistou fama internacional. Seus hotéis, cassinos e
 clubes noturnos atraíam astros de cinema, empresários, políticos, 
playboys e, digamos, damas. Sinatra e Ava Gardner eram habitués. 
A mordomia da elite-cubana-acasalada-com-
endinheirados-estadunidenses, com Sinatra cantando ao fundo,
 era bancada pela Máfia.
“Pierre, preciso de sua ajuda”, disse um solene John Fitzgerald 
Kennedy para seu assessor Pierre Sallinger, ao chegar ao seu gabinete
 na Casa Branca, no dia 7 de fevereiro de 1962. Era véspera do
 embargo que seria assinado pelo então presidente do Estados 
Unidos a Cuba de Fidel Castro.
“Ficaria encantado em ajudá-lo”, respondeu o assessor, pouco antes 
de ouvir um dos mais estranhos pedidos feitos por um inquilino 
da Casa Branca. “Necessito de muitos puros”, continuou o presidente.
Salinger teve um calafrio. Perguntou exatamente de quantos JFK
 precisaria. “Uns mil Petit Uppman”. Um calafrio ainda maior quando
 ouviu que a entrega deveria ser efetuada “ainda amanhã de manhã”.
O assessor se virou como pode e conseguiu notáveis 1.200 charutos
 cubanos da marca preferida de JFK. Ao tomar conhecimento da 
chegada da encomenda, Kennedy pegou um grande papel em sua
 gaveta e o assinou imediatamente.
A partir daquele momento, os charutos cubanos, como de resto
 todos os demais produtos cubanos, estavam proibidos nos Estados 
Unidos.
Esse era o tipo de hipocrisia, malandragem e pequenice a que os 
presidentes nos EUA estavam acostumados a tratar Cuba até então
 A ilha, distante apenas 144 quilômetros da Flórida, era tratada
 como quintal, parque de diversões, bordéu a céu aberto.Seu
 réquiem deu-se no réveillon de 1958. Foi inesquecível para os gringos,
 para os cubanos e para o Batista. Convencido de que não tinha 
mais como resistir ao avanço dos rebeldes barbudos comandados 
por Fidel, o ditador cubano interrompeu a festa, ergueu um brinde, 
anunciou sua renúncia e embarcou às pressas para a República
 Dominicana. Levou com ele 180 cupinchas e 300 milhões de dólares.
Fidel já era mito, herói e símbolo da oposição a Batista desde 1952.
 Em fevereiro de 1957 já aparecera na primeira página do The New
 York Times, na célebre série de reportagens feita pelo jornalista 
Herbert Matthews na Sierre Maestra.Foi o melancólico desfecho de 
uma tirania que durou 25 anos – duas décadas e meia de poder do 
crime organizado sobre a economia, a política e a sociedade de 
Cuba. Batista era sócio de todas as negociatas, com a conivência 
da Casa Branca e seus sólidos motivos para considerar Cuba um
protetorado.
Com cinco décadas de domínio de Fidel e Cuba amarrada dos pés 
à cabeça por um embargo, de um lado, e o fim da União Soviética que 
lhe dava dinheiro e apoio, de outro, ficou fácil para as gerações 
seguintes apontar o dedo em riste contra os castristas 
– ou simplesmente mitificar a revolução cubana.
Mas as lembranças da esbórnia pré-revolução se tornam tão fortes
 para alguns quanto os ideais revolucionários de uma ilha de 
liberdade, respeito integral aos direitos civis, justiça, igualdade, etc..
 Os ideais podem ter ficado no plano dos ideais – tolhidos pelo 
embargo e pelos equívocos de percurso – mas os ecos do tempo em 
que a ilha era o quintal, o bordel de luxo e o paraíso fiscal dos 
EUA são bem reais. E um reforço a quem vê os dólares dos EUA 
como algo muito bem-vindo, mas um presente a ser recebido com cautela.

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