quinta-feira, 17 de novembro de 2016

UM POUQUINHO DE UM PAIS CHAMADO BRASIL


E os 23 milhões de propina ao

 Serra? Pergunta lá no Posto Ipiranga




Que a propaganda da rede de postos Ipiranga é um sucesso de publicidade, ninguém discorda.
A ideia da empresa que criou essa bem-humorada e envolvente peça publicitária, a Talent, é passar a imagem de que a rede de postos de combustíveis é completa, tem tudo o que o consumidor precisa e é conhecida nos lugares mais inóspitos por todo tipo de gente.
A frase “Pergunta Lá No Posto Ipiranga” virou 
um bordão para perguntas difíceis.
Para o ícone da publicidade, Nizan Guanaes, 
“se você quer saber o que é propaganda que vende, 
de onde veio, para onde vai, se é digital, 
 tradicional etc.; é fácil encontrar a resposta. 
Pergunta lá no posto Ipiranga.”
Só que às vezes aparece um aloprado que acaba 
transformando uma genial criação de marketing
 numa faca de dois gumes.
O dono do posto Ipiranga na Av. 13 de Maio, 756,
 em Ribeirão Preto (SP), 
Silvio Capelão, tem por hábito promover
 protestos com faixas no 
estabelecimento contra o PT, Dilma e Lula.
dilmaposto
No Facebook, o empresário declarou apoio ao 
impeachment e compartilhou
montagens grotescas da ex-presidenta e até foto de manifestação que pedia 
a volta dos militares.
militar
É um legítimo aloprado garoto propaganda da
 direita raivosa.
O limite da liberdade de expressão está sendo
 questionado por meio de
 uma peticão virtual com mais de cinco mil 
assinaturas, que sugere “Boicote 
ao Posto Ipiranga por calúnia e difamação 
contra LULA.”
lulaposto
A falta de bom senso do empresário é que parece
 não ter limite, pois a faixa 
constrange clientes e impõe discriminação de 
natureza política.
Ao posto que a propaganda insinua que há 
resposta pra tudo, dá pra encaminhar 
várias perguntas difíceis sobre mensalões,
 trensalão e petrolão, mas sugiro recentes:
– Por que a imprensa tem ignorado delação 
da Odebrecht que revela o pagamento 
de R$ 23 milhões a José Serra, candidato
 tucano à presidência da República, 
em 2010, em forma de propina, via caixa 2, 
numa conta secreta na Suíça?
– Por que Temer não pediu ou mandou Serra 
deixar o ministério antes que os
 executivos da empreiteira entreguem os
 recibos dos depósitos, que corrigidos 
pela inflação chegariam a mais de R$ 34 milhões?
– Por que os parlamentares querem mudar às 
pressas regras para acordos 
de leniência e beneficiar empresas investigadas
 pela Operação Lava Jato,
 na iminência da delação bombástica da Odebrecht?
– Anistiar caixa 2 e reduzir punições a empresas 
envolvidas em corrupção não
 comprova o roteiro do “Pacto” nacional para
 estancar a sangria da Lava Jato?
– Por que o relator do projeto de Lei 4850/16
 que contempla as Dez Medidas 
de Combate à Corrupção, deputado Onix
 Lorenzoni, aceitou retirar do texto a 
previsão de crime de responsabilidade para
 integrantes do Ministério Público e juízes?
– E a propina de 1 milhão de reais que Otávio
 Azevedo, ex-presidente da Andrade 
Gutierrez, disse que deu à chapa Dilma/Temer e 
que confere com um cheque 
nominal do PMDB a Temer?
– Até dezembro rola mesmo a delação que
 envolve 70 executivos 
e ex-executivos ligados ao grupo Odebrecht 
que promete esclarecer 
desvios estimados entre R$ 6 bilhões e
 R$ 7 bilhões?
Como dito, são perguntas difíceis.
Talvez no Posto Ipiranga do Silvio Capelão, 
antipetista convicto e 
militante, haja resposta pra todas.
Por telefone, nesta quinta-feira (16), a atendente 
disse que os 
 protestos – só contra petistas investigados
 – são comuns no posto 
e que não podia confirmar se havia alguma 
faixa pendurada hoje,
 porque “não dava pra ver”.
Eu, claro, usei o bordão: pergunta 
lá no Posto Ipiranga!


Luciana Oliveira

Luciana Oliveira

Jornalista de Porto Velho, Rondônia, e 

membro da Comissão Nacional de Blogueiros

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