quarta-feira, 3 de julho de 2013

ARABES E ISRAELENSE

A OPINIÃO PÚBLICA ÁRABE

O que os árabes pensam 

sobre o Oriente Médio?

Pesquisa de opinião feita com 20.000 pessoas em 14 países árabes

oferece um vislumbre da opinião árabe sobre o Oriente Médio

Os últimos dois anos e meio foram dos mais interessantes da história 
do Oriente Médio contemporâneo. Revoluções populares derrubaram 
ditadores na Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen, e provocaram uma guerra
 civil na Síria. Elas também abriram as portas para um retorno do 
islamismo, atiçaram a retórica sectária, conflitos civis sobre a natureza 
do estado e uma guerra regional – e global por tabela – à medida que 
potências rivais apoiaram lados opostos na Síria. Então, o que as
 pessoas da região pensam dessa época turbulenta?
Uma pesquisa de opinião recente com 20.000 pessoas em 14 países
 árabes conduzida pelo Centro Árabe de Pesquisas e Políticas Públicas, 
um centro de estudos baseado em Doha, oferece alguns insights. Embora 
as más notícias chamem mais atenção no Ocidente, desenvolvimentos
 positivos também são perceptíveis, tal como um aumento da liberdade
 de expressão. Dentre aqueles entrevistados, 61% encaram a Primavera 
Árabe como positiva, enquanto 22% a tomam por algo negativo. Embora
 os rebeldes sírios estejam perdendo apoio à medida que a guerra se torna 
mais sanguinária e os jihadistas mais numerosos, poucos acham que o 
presidente Bashar Assad seja a solução – 66% acreditam que seu regime 
deveria ser derrubado. Apenas 3% acham que os rebeldes sírios deveriam
 ser aniquilados. Infelizmente, para aqueles que estavam contando com
 um acordo de paz negociado, apenas 10% dos árabes acham que este é o
 melhor meio de resolver a situação.
A maioria dos participantes, que responderam às perguntas entre julho 
de 2012 e março deste ano, desejam a democracia e um sistema pluralista em 
que todos os partidos, religiosos ou não, possam competir. Eles também
 querem que a influência de autoridades religiosas sobre o poder público
 seja reduzida. Mas os respondentes se dividiram sobre a questão da 
separação entre religião e política – a maioria não vê problema na participação
 de partidos religiosos em eleições. A metade afirma que não está preocupada 
com a crescente influência dos muçulmanos, enquanto que pouco mais de um
 terço expressou alguma preocupação, incluindo os 15% daqueles que se
 consideram extremamente preocupados; visões evidentes no Egito, onde 
protestos contra a Irmandade Muçulmana, que está no poder, estão 
planejados para 30 de junho.
Embora cada país esteja tendo uma experiência própria, a maioria dos
respondentes se identifica com uma identidade pan-árabe. Quase 80% acha 
que os árabes compõem uma nação única; 75% é a favor de uma maior
 integração entre os países. A grande maioria é contra o reconhecimento 
oficial de Israel, e 36% acredita que o país é a maior ameaça à segurança de 
seu próprio país. Outros 11% concedem essa honra aos EUA; um ponto
 percentual a menos do que o grupo que considera o Irã a maior ameaça.
 No Iêmen, Iraque, Kuwait e Arábia Saudita, os países que competem com 
a República Islâmica por influência regional, mais de um terço considera
 que o Irã representa a maior ameaça.
A pesquisa também destrói alguns mitos. O Twitter e o Facebook foram 
úteis em reunir pessoas e publicar notícias durante as revoluções, mas no
 mundo árabe a internet continua a ser um fenômeno de elite: 55% das
pessoas nunca usaram a rede, e a televisão mantém o seu posto de 
veículo das massas.

Texto da revista Economist editado para o Opinião e Notícia
Tradução: Eduardo Sá

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