segunda-feira, 29 de julho de 2013

ALHOS COM BUGALHOS



Multiplicação de pastas tem

 impacto baixo nos gastos de

 custeio da União

Governo Dilma, com 39 ministérios, registra despesas gerais 
semelhantes às de 1995, quando governo FHC tinha 25
;Presidência, que abriga maior parte das novas estruturas 
desde Lula, porém, teve aumento de 742% no desembolso
 no mesmo período




O primeiro escalão inchado da presidente Dilma Rousseff, turbinado pela política
 de criação de estruturas que culminou no atual número recorde de 39 ministérios,
 contrasta com a evolução dos gastos da máquina pública federal registrada nas
 últimas duas décadas.
Segundo dados do Ministério do Planejamento, o peso do custeio - desembolso
 para o pagamento de mão de obra terceirizada, de passagens, de diárias e com uso
 de materiais - pouco mudou de 1995, primeiro ano do governo de Fernando Henrique 
Cardoso (PSDB), até 2012, segundo ano de Dilma no comando do Palácio do Planalto.
A relação das despesas com pessoal concursado e comissionado com a receita 
corrente líquida da União até diminuiu.
Mas, apesar de a criação de ministérios apresentar impacto baixo num Orçamento
 trilionário como o brasileiro, a alta dos gastos da Presidência, que abriga boa parte 
das novas estruturas de primeiro escalão federal, chama a atenção: em 1995, os 
gastos de custeio do Planalto eram de R$ 70 milhões, em valores corrigidos pelo
 IPCA. No ano passado, as despesas chegaram a R$ 594 milhões. É uma parcela 
menor dentro dos R$ 17,6 bilhões que custa a máquina pública, mas é um aumento
 de 742%.
Sob o chapéu da Presidência estão abrigadas 14 pastas com status de ministério
, boa parte criada a partir do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Muitas tinham objetivo
 de abrigar alas do PT e cumprir promessas de ampliar o espaço político de movimentos 
sociais e minorias.
A criação mais recente é a pasta da Micro e Pequena Empresa, dada a Guilherme 
Afif Domingos, integrante do PSD e vice-governador de São Paulo.
Ruas - A manifestações de junho colocaram na pauta a redução do número de
 ministérios. Até o principal aliado do governo, o PMDB, que dispõe de cinco cadeiras
 no primeiro escalão, passou a defender a tese da redução da máquina. A presidente
 resiste à ideia e, segundo tem dito a auxiliares, não vai mexer no assunto.
Assessores de Dilma admitem que o aumento de gastos na Presidência está ligado
 à criação das pastas, mas dizem que elas têm outro fim: atender setores 
tradicionalmente sem acesso ao primeiro escalão.
Integrantes de movimento sociais também defendem as novas estruturas (mais 
informações abaixo). Há, porém, questionamentos sobre a eficácia dos trabalhos 
desses ministérios.
Foi no início do governo Lula, por exemplo, que a Secretaria de Direitos Humanos 
passou a ter status de ministério. Mas os ministros nomeados não conseguiram
 espaço considerado suficiente para se impor dentro do governo em assuntos
 relevantes, como a morte de civis pelas polícias e as torturas nas delegacias.
Ao mesmo tempo em que manteve o status de ministério para a Secretaria de 
Políticas para as Mulheres, criada por Lula, há críticas sobre as condições dadas 
à atual ministra Eleonora Menicucci levantar bandeiras históricas.
No começo do ano passado, por exemplo, Eleonora, uma defensora
 da descriminalização do aborto, teve de deixar a opinião pessoal de lado para 
adotar o discurso de que o tema é de competência do Congresso Nacional e 
não do governo.
Para lembrar - A pressão da opinião pública para o governo reduzir o número de
 ministérios e diminuir os gastos com a máquina é antiga. O governo João Figueiredo,
 o último do ciclo da ditadura, atuou com 22 pastas. Em meio à crise econômica que 
ganhou força no final dos anos 1970, ele chegou a criar o Ministério da Desburocratização 
para agilizar os serviços e ações do governo, extinto na redemocratização. 
O tucano Fernando Henrique Cardoso, no primeiro mandato (1995-1998), criou uma
 versão da pasta, o Ministério da Reforma do Estado.
No segundo mandato (1999-2002), FHC criou, também temporariamente, o Ministério
 de Projetos Especiais. 
Fernando Collor de Mello, eleito com o discurso da austeridade nos gastos e "fim dos
 marajás", extinguiu três pastas do antecessor José Sarney, mas criou a da Criança e 
a da Integração Latino-Americana.

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