sexta-feira, 26 de outubro de 2012


EUROPA APÓS A II GUERRA MUNDIAL

Porque o sonho totalitário

 fracassou

Novo livro revela como as ambições do império soviético continham as 

sementes de sua própria destruição


A partir de 1944, por toda a Europa central, elementos pouco desenvolvidos da
sociedade civil – clubes, associações, escolas e igrejas – foram cooptados pelos 
novos Estados comunistas ocupados pela União Soviética. Como isso aconteceu 
e porque a tentativa da União Soviética de impor o totalitarismo sobre o seu novo
 império acabou fracassando? Essas são as perguntas que se encontram no cerne do
 esclarecedor novo livro de Anne Applebaum “Iron Curtain: The Crushing of Eastern 
Europe 1944-1956 (Cortina de Ferro: A Subjugação da Europa Oriental).
O stalinismo continha as raízes de sua própria destruição. Applebaum observa que,
 em um sistema que procura controlar tudo, qualquer tipo de espontaneidade ou
 individualidade, ainda que apolíticas, se tornam formas de protesto. O fato é que
 havia espontaneidade. Nas recém-construídas cidades de aço, os funcionários do
 governo relatavam com ansiedade, os trabalhadores não compareciam ao teatro
 depois do trabalho, preferindo ir atrás de bares e bordéis clandestinos. Os jovens
 começaram a usar calças apertadas, topetes, gravatas largas e coloridas e makartuki,
 apelido dado aos óculos usados pelo General Douglas MacArthur. Na Alemanha,
 centenas de milhares de pessoas cruzavam do leste para oeste, apesar do 
policiamento da fronteira operado pelos soviéticos. As pessoas contavam piadas 
amargamente satíricas por todos os lados.
As fraturas se expandiram em larga escala após a morte de Stalin em março de
1953. Dentro de meses greves se iniciaram em várias cidades alemãs,
 reivindicações para salários melhores foram reforçadas por ataques nas sedes 
do partido e livrarias que comercializavam livros em russo. Walter Ulbrich
 e seu governo de fachada se esconderam nos escritórios do embaixador soviético,
 e tanques russos, não a polícia da Alemanha Oriental, abriram fogo contra os
 manifestantes. Três anos depois um segundo choque (o “Discurso Secreto” de
 Nikita Khrushchev denunciando a purgação e o culto a personalidade de Stalin 
ao 20º congresso do partido) desencadeou a rebelião húngara. Esta foi reprimida
 também, mas o mesmo aconteceu ao sonho totalitário.
Os seres humanos, Applebaum conclui com entusiasmo, não adquirem “personalidades
 totalitárias” com facilidade. Ela escreve que, mesmo quando elas parecem estar sob
 o encanto do culto a um líder ou partido, as aparências podem enganar. Quando
 o povo parece se convencer com as propagandas de estado mais absurdas – marchas 
em desfiles, hinos que afirmam que o partido está sempre correto – o encanto pode 
súbita, inesperada e dramaticamente se quebrar.
fonte OPINIÃO&NOTICIA

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