CIBER-ESPAÇO
Malware: um novo tipo de guerra
Os 15 países com os maiores orçamentos militares estão investindo em softwares
maliciosos como ferramenta essencial de uma nova modalidade de guerra
Esforços de ciber-segurança nos Estados Unidos centram, em grande parte,
na defesa de redes de computador norte-americanas contra ataques de hackers,
criminosos ou governos estrangeiros, principalmente a China. Cada vez mais
, entretanto, o foco está no desenvolvimento de capacidades ofensivas, em
descobrir como e quando os Estados Unidos poderiam desencadear seus
próprios malwares (do inglês “malicious software”, programa destinado a
se infiltrar em um sistema de computador alheio com o intuito de causar
danos ou roubar informações) para desmantelar as redes de um adversário.
Isso é um território potencialmente perigoso.
Acredita-se que o malware tem pouco valor dissuasivo contra os criminosos
que usam computadores para roubar dinheiro de bancos ou espiões que furtam
segredos industriais. Mas, confrontados com crescentes interferências em
computadores que executam sistemas militares e armazenam infraestrutura
essencial – as redes elétrica e de telecomunicações, por exemplo – militares
norte-americanos (e em outros lugares também), veem o uso de software
malicioso como ferramenta essencial de uma nova guerra. De acordo com um
estudo realizado pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, todos
os 15 países com os maiores orçamentos militares estão investindo em
capacidades cibernéticas ofensivas.
O último avanço neste sentido ocorreu no mês passado, quando os Estados
Unidos convidaram empresas de tecnologia a criar malwares capazes de”
destruir, negar, degradar, interromper, corromper ou usurpar” a tentativa de
um adversário de utilizar o ciberespaço em vantagem própria. A Força
Aérea dos EUA pediu propostas para planejar e gerenciar uma ciberguerra
, incluindo a capacidade de lançar ataques a computadores super-rápidos
e resistir a retaliações.
Dez anos de pesquisa
Estados Unidos, China, Rússia, Grã-Bretanha e Israel começaram a
desenvolver capacidades básicas de ciberataque pelo menos uma década
atrás, e ainda estão tentando descobrir como integrá-las em suas operações
militares. Especialistas afirmam que armas cibernéticas serão usadas antes
ou durante conflitos envolvendo armas convencionais para infectar redes
de um adversário e interromper um alvo, incluindo desligar comunicações
militares. O exemplo mais proeminente é o vírus Stuxnet implantado em
2010 pelos Estados Unidos e Israel para atrasar o programa nuclear
iraniano. Outros ciberataques também ocorreram em 2007 contra a
Síria e em 1998 contra a Sérvia.
Questões cruciais permanecem sem resposta, como por exemplo de que
forma as leis de guerra se aplicam às decisões de lançar um ataque
cibernético. Os Estados Unidos ainda não descobriram como as armas
cibernéticas podem ter impacto real sobre as operações em campos de
batalha ou quando uma resposta cibernética agressiva torna-se necessária.
Washington também não decidiu quem autorizaria um ataque; especialistas
delegam essa responsabilidade tanto ao presidente como a comandantes
militares. Há também o problema não resolvido de como minimizar os
danos colaterais – como fazer um malware certeiro que não atrapalhe
o funcionamento de um hospital civil, por exemplo.
Outra grande preocupação é a China, acusada de roubar segredos militares
norte-americanos. Washington não tem conseguido persuadir Pequim a
controlar seus hackers. Há um sério risco de erro de cálculo, se, por exemplo
, houver um confronto no Mar da China Meridional. A China pode interpretar
mal uma determinada estratégia, desencadear um ataque cibernético e
eventualmente uma guerra cibernética real. Novos entendimentos
internacionais sobre o que constitui uma agressão cibernética e como
os governos devem responder são claramente necessários.
fonte OPINIÃO&NOTICIA
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