Tribunal exige que Chevron
e Transocean suspendam
operações no país
Caso a ordem seja descumprida, empresas terão que pagar uma multa
diária de R$ 500 milhões
A grande petrolífera norte-americana Chevron e a empresa de
perfuração Transocean enfrentam outro duro entrave jurídico no
Brasil, onde um tribunal emitiu uma liminar na última terça-feira, 31,
proibindo as empresas de produzir ou transportar petróleo até o
término de uma investigação sobre um vazamento de petróleo em
alto mar ocorrido em novembro do ano passado.
Um tribunal brasileiro deu o prazo de 30 dias para que a Chevron e
a Transocean suspendam suas atividades no país. Caso a ordem seja
descumprida, as empresas terão que pagar uma multa diária de
R$ 500 milhões. A liminar foi emitida em resposta a um recurso,
após as tentativas de um promotor federal de impor a proibição em
abril terem fracassado.
A medida mais recente do tribunal é parte de uma série de julgamentos
relacionados ao acidente exploratório ocorrido no campo do Frade.
Durante o acidente, estima-se que 3.700 barris de petróleo cru vazaram
de falhas no assoalho marinho. À época, o Ministério do Meio Ambiente
reconheceu que o derrame não foi de grande porte, mas a companhia teria
tentado enganar autoridades ao divulgar versões que as vistorias indicaram
ser mentirosas.
Outros vazamentos mais marcantes já ocorreram na região, mas sem que
tenham provocado reação semelhante do governo. Em janeiro de 2000,
um vazamento provocou o derrame de 6.500 barris de óleo cru na
Baía de Guanabara, devido ao rompimento no oleoduto que ligava a refinaria
de Duque de Caxias à Ilha d´ Água. A mancha se espalhou-se por cerca de
50 quilômetros quadrados, e um laudo da Coppe/UFRJ concluiu que o
acidente foi causado por negligência da Petrobras, já que as especificações
do projeto original do duto não haviam sido cumpridas. Responsável pela
refinaria Duque de Caxias (Reduc), a Petrobrás foi multada em
R$94 mil — metade do valor aplicado pela Feema e o restante pelo
Instituto Estadual de Florestas. O valor da multa do Ibama , por sua
vez, alcançou R$ 50 milhões de reais. A Petrobrás, entretanto, foi
beneficiada com um desconto de cerca de 30%, pelo pagamento
antecipado da multa.
Embora a atual liminar que proíbe Chevron e Transocean de atuarem no
país possa atrapalhar a produção da Chevron, é provável que a Transocean
seja mais impactadas pela medida. A Transocean opera 10 plataformas
de petróleo no Brasil, incluindo sete plataformas para a gigante estatal
Petrobras. A Transocean também tem plataformas alugadas para as
empresas Eni, SpA, BP PLC e Vanco.
Medida prejudica setor
De acordo com a Petrobras, a carência de plataformas de perfuração
capazes de operar em águas profundas na costa brasileira tem sido um
grande impedimento ao aumento da produção no país. A estatal se
encontra no meio de um plano de investimento de US$ 237 bilhões
até 2016, focado em viabilizar a exploração de campos de petróleo
recentemente descobertos na costa do país e que poderiam transformar
o Brasil em um dos líderes mundiais de produção e exploração de petróleo.
A Transocean afirmou em um comunicado que “as plataformas da
Transocean” continuam a operar no Brasil” e que a empresa está
avaliando os acontecimentos recentes, os quais julga “sem mérito” e
contra os quais usará “todas os meios legais necessários”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário