TENDÊNCIAS E DEBATES
Hidrelétricas: ruim com
elas, pior sem elas?
Ministério público e ONGs ambientalistas apertam o cerco às
hidrelétricas. A ironia é que sem elas a poluição é maior
Os Ministérios Públicos Federal e Estadual do Mato Grosso do Sul acabam de
entrar com uma ação contra a União, a Aneel, o Ibama, e mais meia dúzia de
entidades públicas contra a construção de 149 hidrelétricas com reservatórios
de água na região da maior planície alagável do mundo, sem trocadilho.
O Ministério Público quer a suspensão das obras enquanto não se fizer um
estudo único sobre o impacto cumulativo delas no meio ambiente. Os
procuradores, entretanto, não parecem carecer de estudo algum para
definirem sua posição acerca do tema, e têm sido tão enfáticos ao comentar
o que motivou a ação do Pantanal que chegam a fazer até mesmo os que têm
dúvidas sobre as questões que cercam as hidrelétricas parecerem heréticos infiéis.
“O descaso nos deixa perplexos. É quase intuitivo, inclusive para leigos e ribeirinhos, que o represamento das águas em diversos pontos altera o pulso de cheias e vazantes. O que está em jogo é a história do Pantanal”, disse o procurador Daniel Fontenele Sampaio, do Ministério Público Federal em Coxim (MS), conforme foi mostrado pelo Opinião e Notícia na última segunda-feira, 20.
De novo, as ONGs
No último dia 14 de agosto um desembargador federal mandou paralisar as
obras da usina de Belo Monte, no Pará. Dias antes, no início do mês, foram
suspensas as obras da usina hidrelétrica de Teles Pires, na divisa entre Mato
Grosso e Pará, para deleite das ONGs ambientalistas.
A quimera das hidrelétricas com reservatórios volta à tona no Brasil e traz
com ela a questão da influência (ingerência?) das grandes ongs ambientalistas
internacionais na política energética do país. Na última terça-feira, 21, o
colunista Sérgio Barreto Motta, do Monitor Mercantil, escreveu:
“Há dias, a francesa TV5 mostrou que, na Holanda, plantam-se flores nas
margens dos rios e, na França, vinhedos ocupam essas áreas. No Brasil, a
holandesa Greenpeace e a inglesa WWF criticam duramente o plantio nas
margens dos rios, sem levar em conta o que ocorre no velho continente —
nem a realidade brasileira. Um tema que só era levantado em reuniões fechadas
ganhou as manchetes: ao impedir a construção de novas hidrelétricas ou de
admitir tais empreendimentos sem reservatórios amplos (‘usinas a fio d’água’),
ao contrário do que ocorria no passado, as entidades ambientais abrem
espaço para uso de usinas térmicas, que consomem petróleo, gás ou carvão —
e, portanto, poluem muito mais o planeta. E a nova energia — das térmicas —
ainda é mais cara”.
Afinal, o que querem as ONGs?
Uma das maiores autoridades no assunto em todo o Brasil, o professor Luiz
Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ, disse recentemente ao jornal O Globo:
“Em 2001, quando houve o racionamento, foram os reservatórios que salvaram
o Brasil. De lá para cá, deixamos de construir reservatórios. Paga-se um preço
por isso, gerando energia com as térmicas. E as renováveis têm o problema de
depender do sol e do vento”.
E assim, como se as ONGs ambientalistas não tivessem feito uma forte campanha
há mais de uma década para que fossem construídas apenas as “usinas a fio
d’água” no Brasil, o coordenador da campanha de energia do Greenpeace,
Ricardo Baitelo, disse em entrevista dada em abril deste ano à Agência
Estado que estas novas hidrelétricas não têm segurança energética,
justamente por não usarem reservatório.
“Se ele [o rio] está cheio, tem energia, do contrário, não”, observou
o ambientalista, e completou: “Na época de seca no Rio Xingu, Belo Monte
vai gerar de 5% a 10% do que geraria”.
Só 5% a 10%. E a culpa é de quem?
Carlo leitor,
Você acha que o Brasil deveria aceitar o impacto ambiental
das hidrelétricas como o menor dos males em um mundo
onde a prioridade é poluir menos o planeta reduzindo o uso de
petróleo, gás e carvão?
Você acha que há ciência de menos e gritaria ambientalista
demais nas decisões sobre a política energética brasileira?
Como leigo, a sua impressão é de que a política energética
brasileira deve se basear nas hidrelétricas ou em fontes
como a eólica e a solar?
fonte OPINIÃO&NOTICIA
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