TELECOMUNICAÇÕES
O próximo apagão brasileiro?
Uma rede de telefones móveis sobrecarregada pode ser um gargalo
para a maior economia da América Latina
Após uma proibição parcial de criar novas linhas, que se estendeu por
11 dias, a TIM, a Oi e a Claro, três das quatro maiores companhias de
telefonia móvel, estão de volta à atividade. Em 23 de julho, a agência
nacional de telecomunicações, ANATEL, impôs as sanções como uma
advertência a respeito da necessidade de uma melhor administração
e mais investimento. Em vários estados, a agência puniu a empresa com
o maior número de reclamações, a TIM, uma subsidiária da Telecom
Italia, em 18 estados e no Distrito Federal; a Oi, que é parcialmente
controlada pela Portugal Telecom, em 5; e a Claro, que pertence à
mexicana América Móvil, em 3. A Vivo, subsidiária da espanhola
Telefónica, escapou por não ser a pior em nenhum lugar.
Seguiram-se diversas reuniões entre a agência reguladora, o governo
e os executivos das empresas. Requereu-se da Vivo planos de investimento
detalhados. As outras três apresentaram orçamentos refeitos rapidamente,
antecipando RS$ 4 bilhões em investimentos para totalizar RS$ 20 bilhões
até 2014. Mas mesmo R$ 20 bilhões podem ser pouco para evitar uma crise
das telecomunicações. De acordo com uma reportagem da Exame, a Anatel
acha que o setor precisa de RS$ 240 bilhões em investimento ao longo da
década seguinte.
As empresas de telecomunicação herdaram uma infraestrutura terrível e
proporcionalmente poucos clientes quando da privatização do setor em 1990.
Desde então, o setor investiu centenas de bilhões de reais, expandindo a
cobertura e cortando custos, mas a capacidade não se expandiu tão
rapidamente quando a demanda. Embora 87% dos brasileiros já tenham
um celular, este não é de muita utilidade se não consegue efetuar ligações.
O governo também está apreensivo em relação à Copa de 2014 e às
Olimpíadas de 2016. Em Londres, a demanda por banda telefônica é 8
vezes superior à de Pequim à época das olimpíadas. As companhias de
telefonia móvel comparam a demanda àquela que seria gerada por 17
dias consecutivos com quatro casamentos reais a cada dia. Certamente
a necessidade aumentará até 2014.
OPINIÃO&NOTICIA
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