segunda-feira, 20 de agosto de 2012


NEM PARASITA, NEM PASSAGEIRO

Ser humano é ser micróbio 

também

As pessoas não são somente pessoas. Há nelas um número enorme de

micróbios que as mantêm saudáveis



Revolucionários políticos viraram o mundo de cabeça para baixo. Já os 
revolucionários científicos costumam virá-lo do avesso. E isso, quase
 literalmente, está acontece com a noção – em termos biológicos – do
 que quer dizer ser humano.
A ideia tradicional é que um corpo humano é uma coleção de 10 trilhões
 de células, as quais por sua vez são produtos de 23 mil genes. Se os 
revolucionários estiverem corretos, esses números subestimam a verdade 
de modo radical, já que nas reentrâncias de todo ser humano, e especialmente 
em suas entranhas, se aloja o microbioma: 100 trilhões de bactérias de várias
 centenas de espécies, que somam 3 milhões de genes não-humanos. Os
 Robespierres da biologia acham que essas outras espécies também
 deveriam ser levadas em conta. Eles entendem que os seres humanos 
não são organismos individuais, mas sim superorganismos feitos de
 muitos organismos menores trabalhando em conjunto.
Pode parecer um disparate considerar genes e células de bactérias
 como parte do corpo, mas os revolucionários têm um argumento bom
 uma vez que os bichinhos não são nem parasitas nem passageiros. Na
 verdade eles são sócios remidos de uma comunidade na qual o
 “hospedeiro” humano é apenas um membro, ainda que o membro
 dominante. Tal visão é cada vez mais popular: os periódicos 
científicos mais importantes do mundo, Nature Science, deram
 grande espaço a estudos que defendem essa tese em meses recentes.
Um microbioma desarmonioso já foi associado a uma lista cada vez 
maior de problemas: obesidade, desnutrição, diabetes (tanto do tipo 
1 quanto do tipo 2), arteriosclerose, doenças cardíacas esclerose
 múltipla, asma, eczema, doenças do fígado, várias doenças intestinais
 (incluindo câncer de intestino) e autismo. Os detalhes costumam ser
 obscuros, mas em alguns casos, tudo indica que os micróbios estão 
produzindo moléculas que auxiliam a regular as atividades de células
 humanas. Se esses processos degringolam, doenças ocorrem. Isso é
 importante porque sugere que os médicos têm procurado no lugar
 errado pela explicação dessas doenças, além de apontar para novas 
vias de tratamento. Caso um microbioma descontrolado esteja causando
 doenças, controlá-lo pode ser a chave para a cura.
OPINIÃO &NOTICIA

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