EM MENOS DE 12 ANOS RESOLVEU SEU PROBLEMA HABITACIONAL
TERMINANDO COM O GRAVE PROBLEMA DAS FAVELAS
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS POLUIDAS QUALIDADE NO ENSINO
UM EXEMPLO DE PAIS QUE FOI POBRE E QUE HOJE
DETEM A DECIMA COLOCAÇÃO MUNDIAL DOS MAIS RICOS DO
MUNDO E A RENDA DOS TRABALHADORES DUAS VEZES A DO
BRASIL
Seul é a sétima maior cidade do mundo, e quase metade dos
22 milhões de habitantes da área metropolitana tem carro. Tanta
concentração de automóvel e de gente deixa o trânsito lento,
capaz de tirar do sério o mais zen dos orientais.
Mas o brasileiro deu sorte. Ele chegou a Seul em 2007, quando a
capital da Coreia do Sul já era referência em transporte público e o
sistema integrado de metrô e ônibus, lançado três anos antes, permitia
ao usuário circular pela cidade com rapidez, deixando para trás uma
legião de motoristas paralisados em engarrafamentos quilométricos.
Mudança
A virada do transporte público de Seul começou no dia primeiro de julho
de 2004, data em que o então prefeito e hoje presidente sul-coreano
Lee Myung-Bak lançou o novo sistema, baseando-se em três pontos:
construção de corredores de trânsito rápido para ônibus, coordenação
dos serviços de ônibus e de metrô e integração dos sistemas de tarifas e
de bilhetagens entre as rotas.
Além disso, todas as 400 linhas de ônibus foram divididas em quatro
grupos, identificados por cores. Saíram, portanto, a cor e a logomarca
das empresas viárias e entraram as cores dos grupos na carroceria dos veículos.
amarelos, verdes e
vermelhos, de
propriedade privada
, cortam Seul, num sistema
administrado pelo setor público.
Os azuis fazem rotas de longa distância e de forma expressa, conectando
um subúrbio a outro e esses ao centro.
Os veículos verdes cumprem trajetos dentro da região metropolitana
e alimentam as estações de metrô e os pontos de ônibus expressos.
Os amarelos trafegam dentro do centro de Seul, enquanto os vermelhos
são destinados a viagens de longa distância, conectando as cidades
satélites ao centro da capital sul-coreana.
E para atender à fixação dos coreanos por tecnologia, todos os
veículos têm GPS, o que permite às autoridades monitorarem a
velocidade e a localização dos ônibus.
As informações são repassadas via celular e em tempo real para o usuário,
que do Iphone – a loja virtual da Apple tem até um aplicativo só para o
transporte público de Seul – pode saber quanto tempo falta para o ônibus
chegar ao ponto e qual a melhor rota ou conexão escolher.
Todo esse sistema está integrado ao metrô, cujas dez linhas somam 286
quilômetros, interligam 265 estações e transportam 4,4 milhões de
pessoas por dia, muitas delas de outros países.
“As linhas de metrô também são distinguidas por cores, o que facilita
não apenas para o povo coreano, mas também para os muitos estrangeiros
que estão vivendo aqui”, diz a brasileira Beth Kang Kim, há oito anos
na Coreia do Sul.
A exemplo do conterrâneo Virgílio, Beth ensina inglês e prefere o metrô
ao ônibus nas suas idas e vindas entre uma aula e outra.
“Acho incrível, pois o metrô é pontual, tem trem a cada cinco minutos,
não atrasa nem um minuto”, diz a professora.
“Os ônibus também são quase pontuais, geralmente o intervalo é de
10 minutos, mas podem atrasar até três minutos”, compara.
Além da pontualidade, o sistema de tarifas e bilhetagem é outra
vantagem para o usuário, que paga a passagem de ônibus e de metrô
com cartão magnético.
A viagem é cobrada pela distância, não importando se o passageiro
vai pegar ônibus, metrô ou os dois juntos, e o cartão oferece
desconto se carregado a cada mês.
“Como se usa o mesmo cartão para embarcar em ônibus e metrô,
isso facilita para o passageiro, que não tem de andar com múltiplos
tickets”, diz a estudante universitária brasileira Maíra Siqueira Maranhão.
Os cartões e tickets são comprados e recarregados tanto em estações e
terminais quanto em drogarias e lojas de conveniência.
“O fato de se comprar facilmente os tickets diários ou os cartões
permanentes em máquinas e da recarga ser extremamente simples e
rápida são também pontos positivos do sistema”, completa.
Mas nem tudo foi perfeito para a brasileira, que morou todo o ano de
2009 em Seul e estudou coreano na Universidade KyungHee.
“A circulação [de metrô] para completamente depois da meia noite e nos
deixa reféns do táxi para tudo, o que em uma cidade tão grande sai
muito caro”, reclama.
“Já os ônibus, apesar de terem uma faixa exclusiva, muitas vezes
demoram demais pra passar.
Além de mudar a forma de cobrar pela viagem, a agência que administra
o transporte público de Seul também mudou o sistema de remuneração
das empresas de ônibus.
Agora elas são pagas por quilômetro servido e não por passageiro
transportado, como ainda ocorre no Brasil.
Segundo as autoridades, a alteração fez com que os motoristas
aliviassem o acelerador e tivessem mais paciência com pessoas
idosas e portadoras de deficiência.
Aprovação
Preocupadas com as reações negativas ao novo sistema, as autoridades passaram a medir o nível de satisfação da população já no primeiro dia de funcionamento.
Os números iniciais foram preocupantes, com 70% de insatisfação na semana da mudança.
A pesquisa mostrava ainda que 60% dos usuários estavam confusos, sem conseguir associar as cores dos ônibus às rotas e com dificuldade para usar a nova bilhetagem eletrônica.
“Na época, muita gente foi contra, mas depois todos ficaram satisfeitos”, lembra Beth Kang Kim.
As autoridades acompanharam a mudança de perto e quatro meses depois veio a virada: 90% da população se diziam muito satisfeitos com o novo sistema de transporte público de Seul e a velocidade das viagens era o aspecto mais elogiado.
Caos
A reforma do sistema de transporte público de Seul foi forçada por uma realidade marcada por congestionamentos, acidentes de trânsito, poluição atmosférica e sérios cortes financeiros, principalmente depois da crise da Ásia, em 1997.
Na segunda metade do século passado, a cidade foi uma das que mais cresceu no mundo, acompanhando o desenvolvimento do país e quadruplicando a população entre 1960 e 2002.
A renda per capta aumentou a taxas surpreendentes, passando de 311 dólares em 1970 para 12.531 dólares em 2002.
E se há 40 anos um em cada mil coreanos tinha carro, em 2003 essa taxa subiu para 215 proprietários em cada grupo de mil habitantes.
O resultado foi o inchaço de gente e de veículos na capital do país, cuja região metropolitana concentra quase metade da população nacional e tem uma das maiores densidades geográficas do mundo, com 16.500 habitantes por quilômetro quadrado.
Limpa
Apesar da grande quantidade de gente, carro, congestionamentos e poluição atmosférica gerada pelos escapes dos automóveis – segundo a Organização das Nações Unidas, 23% dos gases de efeito estufa são emitidos pelo setor de transporte –, Seul quer se consolidar no mundo como uma cidade limpa, saudável e verde.
Uma das medidas é substituir todos os ônibus movidos a combustível fóssil por veículos a gás natural até o final deste ano, com a meta de reduzir a emissão de carbono da cidade em 10% até 2012.
Para isso, a prefeitura conta com a ajuda do Ministério da Segurança e Administração Pública, que tem investido pesado em sustentabilidade ambiental.
Só para incentivar o uso da bicicleta, por exemplo, estão sendo destinados dez bilhões de dólares.
O projeto prevê a construção de 3.114 quilômetros de ciclovia por todo país, além da implantação de estacionamentos, sinalização e oficinas para reparo e manutenção.
Faça um passeio pela via expressa, exclusiva para ônibus, em Seul
Vídeo da Prefeitura de Seul sobre o sistema de transporte público (em inlgês)
Seul lança ônibus elétrico online
Em março deste ano, a cidade de Seul inaugurou um ônibus elétrico online. O sistema opera com energia elétrica fornecida por cabos instalados abaixo da rua e transmitida de forma magnética. Não há contato entre os cabos e o veículo, que pode ser abastecido mesmo em movimento. Criado pelo Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST), o veículo tem um vagão e três carros de passageiros e por enquanto circula por 2,2 km em torno do zoológico do Seoul Grand Park.
As 10 linhas do metrô de Seul têm 265 estações, somam 286,9 Km e transportam 4,4 milhões de pessoas
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