AGU entra na Justiça contra 210 candidatos
Estão na mira "Jô Soares do INSS", "Marcos Valério da UnB"
, "Ivete da Funasa" e muitos outros identificados depois de
um pente-fino em dados do TSE
A Advocacia Geral da União vai entrar na Justiça contra 210 candidatos
nas eleições deste ano que recorrem a uma antiga e marota estratégia
para fisgar o eleitor: associar seus nomes aos de autarquias e fundações
federais, em geral provedoras de benefícios ao cidadão comum. Estão na
mira "Jô Soares do INSS", "Marcos Valério da UnB", "Ivete da Funasa",
"Garrincha do Dnit", "Tequinha do Incra" e muitos outros identificados
depois de um pente-fino em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas ações, que começam a ser ajuizadas nesta segunda-feira, a AGU
pede que os registros sejam alterados e os casos comunicados ao Ministério
Público para que avalie a possibilidade de haver crime eleitoral.
A justificativa é que artigos da Constituição, do Código Civil e da Lei de
Propriedade Industrial protegem nomes, siglas e marcas das pessoas
jurídicas, inclusive órgãos do governo. Sendo assim, não podem ser
apropriados para servir a interesses particulares.
Para a AGU, a situação cria distorções no processo eleitoral. É que, ao
se vincular aos órgãos federais, o candidato venderia a falsa expectativa
de que, eleito, poderá ajudar o cidadão na administração pública. Além
disso, criaria desigualdade em relação aos concorrentes, ao sugerir, pelo
nome, ter acesso mais fácil à estrutura do governo.
"É uma apropriação da força e do poder das marcas do estado. Gera a
impressão de que o candidato pertence à máquina oficial. Parcela do
eleitorado pode entender que, futuramente, ele poderá lhe trazer alguma
vantagem", diz o procurador geral federal da AGU, Marcelo de Siqueira
Freitas, dizendo que a situação é um resquício do clientelismo na política
brasileira.
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