terça-feira, 12 de junho de 2012

RETRATO POLITICO DO BRASIL


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Congresso disfarça inércia criando 

várias efemérides


Você já ouviu falar do Dia Nacional de Luta dos Acidentados por Fontes Radioativas? 
Tinha conhecimento do Dia Nacional de Valorização da Família? Talvez nunca tenha
 sabido — até hoje, é claro — da existência de um Dia Nacional do Suinocultor, nem
 tampouco de um Dia Nacional do Reggae, muito menos do Dia Nacional do Quilo. 
Dia Nacional do Quilo? Sim, 3 de novembro. E, não, o segundo domingo de maio
 não é mais só das mães; agora é também do Buda Shakyamuni.
Mais surpreendente do que, digamos, a peculiaridade de algumas das homenagens 
contidas nestas datas comemorativas é saber que só no último mês de maio os
 senhores parlamentares brasileiros criaram nada menos do que 27 efemérides
 oficiais. Além das citadas acima, o Congresso Nacional ainda incluiu no calendário
 oficial brasileiro o Dia Nacional do Ouvidor, o Dia Nacional das Hemoglobinopatias 
e o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce da
 Retinoblastoma, entre outras datas especiais, como o Dia Nacional da Umbanda
 — que, em tempo, cai no dia 13 de novembro.
Legislativo que não legisla
O Dia do Quilo, por exemplo, é um evento promovido pela ONG Ação da
 Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida, fundada pelo sociólogo Herbet
 de Sousa, o Betinho, que morreu em 1997. O Dia do Quilo já fazia parte da
 programação da Campanha Natal sem Fome, com o objetivo de arrecadar
 alimentos e promover discussões sobre o problema da fome no Brasil. A data,
 3 de novembro, é o dia do aniversário de Betinho, e a partir deste ano entra 
para o calendário nacional por iniciativa do ex-deputado Carlos Santana
 (PT-RJ), com a relatoria favorável do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE)
 e a sanção da presidente Dilma Rousseff.
E assim, com a criação de uma efeméride, a atual legislatura federal talvez
 tenha dado a sua maior contribuição para o combate à miséria no Brasil…
Enquanto as homenagens eleitoreiras tramitam de forma célere no Congresso
 Nacional e chegam aos montes na mesa de Dilma para a pronta e rápida sanção
 presidencial, nos últimos anos deputados e senadores assistem o Supremo 
Tribunal Federal se adiantar e preencher vários “vácuos legais” criados por
 um legislativo que não legisla, como nas questões da união civil entre
 homossexuais, direito de greve dos servidores e aviso prévio.
‘Compensações simbólicas’
Falando ao site Consultor Jurídico sobre as 27 datas comemorativas criadas
 em maio pelo Congresso Nacional, o coordenador do curso de Direito da
 Fundação Getulio Vargas em São Paulo, o cientista político Frederico
 Almeida, avalia que isso reflete a necessidade de o parlamentar justificar o 
voto que recebeu, nem que seja com um projeto irrelevante, como talvez o
 de um hipotético Dia Nacional do Esforço em Prol de Uma Profunda e
 Necessária Reforma Política, para fazer fumaça à inoperância que é regra
 no que tange aos assuntos que realmente importam para o dia a dia do povo:
“A satisfação que o deputado que não é líder pode dar ao público é encaixar 
emendas no orçamento, o que depende de acordos com lideranças, em um
 nível mais paroquial, ou dar essas compensações simbólicas, como datas
 comemorativas”.
Afinal, nada como uma amenidadezinha aqui e ali para escamotear a absoluta 
incapacidade de o Congresso Nacional ter uma rotina de trabalho em prol dos
 interesses da população. E assim caminha o Brasil, com seu povo bancando os
 salários, as despesas e que tais de uma “classe política”, por assim dizer, que
 se esmera para produzir “compensações simbólicas” para a a sua própria falência.
FONTE OPINIÃO &NOTICIAS

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