terça-feira, 12 de junho de 2012

Originais Do Samba - Se Gritar Pega Ladrão





Polícia Federal apura o desvio de mais de R$ 100 



milhões do Banco do Nordeste











Lembra o caso dos dólares escondidos na cueca? Uma investigação obtida por 


ÉPOCA revela desvio de dinheiro envolvendo o mesmo banco – e o mesmo partido politico





LEOPOLDO MATEUS, DE FORTALEZA










SOB INVESTIGAÇÃO


A sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza, e o chefe de gabinete do banco, 


Robério do Vale (à direita). Três empresas dos cunhados de Vale obtiveram empréstimos


 suspeitos que chegaram a cerca de R$ 12 milhões (Foto: Kléber A. Gonçalves/O Povo e 


Miguel Porti/Ag. Diário)





No auge do escândalo do mensalão, em julho de 2005, nenhum caso chamou tanta 


atenção quanto os “dólares na cueca”, que levaram à renúncia de José Genoino à 


presidência do Partido dos Trabalhadores. Um assessor parlamentar do então 


deputado estadual cearense José Guimarães (PT), irmão de Genoino, foi detido pela 


Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Em suas roupas de 


baixo, havia US$ 100 mil em espécie. As investigações indicaram na ocasião que


 o dinheiro era propina recebida pelo então chefe de gabinete do Banco do 


Nordeste (BNB) e ex-dirigente do PT, Kennedy Moura, para acelerar empréstimos no banco. 





Passados sete anos, uma auditoria interna do banco e outra da Controladoria-Geral 


da União, obtidas por ÉPOCA, revelam um novo esquema de desvio de dinheiro.


] Somente a empresa dos cunhados do atual chefe de gabinete, Robério Gress


 do Vale, recebeu quase R$ 12 milhões. Sucessor de Kennedy, Vale foi o quarto


 maior doador como pessoa física para a campanha de 2010 do hoje deputado


 federal José Guimarães.








O poder de Guimarães sobre o BNB pode ser medido a partir da lista dos doadores


 de sua bem-sucedida campanha ao segundo mandato, dois anos atrás. A maior


 doação de pessoa física é dele próprio. A segunda é de José Alencar Sydrião Júnior,


 diretor do BNB e filiado ao PT. A terceira é do também petista Roberto Smith,


 presidente do banco no período em que ocorreram operações fraudulentas e


 hoje presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará, nomeado 


pelo governador Cid Gomes (PSB). O atual presidente do BNB, Jurandir Vieira


 Santiago, vem em 11º. Eleito para a Câmara Federal pela primeira vez em 2006,


 com a maior votação do Ceará, Guimarães ganhou poder na Câmara. Tornou-se 


vice-líder do governo e passou a ser amplamente reconhecido como o homem que


 indicava a diretoria no Banco do Nordeste. No disputado campo de batalha da política


 nordestina, o BNB é território de José Guimarães.





O novo esquema de desvios e fraudes no banco nordestino segue um padrão já


 estabelecido na longa e rica história da corrupção brasileira: o uso de laranjas ou 


notas fiscais frias para justificar empréstimos ou financiamentos tomados no banco.


 Assim como na dança de dinheiro dos tempos do mensalão, as suspeitas


 envolvem integrantes do PT. Um levantamento feito por ÉPOCA mostra que, 


entre os nomes envolvidos nas investigações da CGU e da Polícia Federal, há


 pelo menos dez filiados ao PT. Apresentado ao levantamento e aos documentos,


 o promotor do caso, Ricardo Rocha, foi enfático ao afirmar que vê grandes indícios


 de um esquema de caixa dois para campanhas eleitorais. “O número de filiados


 do PT envolvidos dá indícios de ação orquestrada para arrecadar recursos”, afirma Rocha. 








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