O senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) tentou uma última
aposta para assegurar seus direitos políticos e, assim, ter a chance de se
candidatar em eleições futuras. Pessoalmente ou por intermédio de emissários,
ele procurou nas últimas semanas algumas figuras-chave do Senado, como o
presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP); o líder do PMDB, Renan
Calheiros (AL), e o ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG), para oferecer
a própria cabeça em troca da absolvição.
Sem a presença de Demóstenes, o Conselho de Ética aprovou na noite de ontem,
segunda-feira, 25, o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) que pede a
cassação de Demóstenes por quebra de decoro parlamentar. Num relatório de 79
páginas, Humberto Costa disse que há provas "robustas" e manifestas" do
envolvimento de Demóstenes com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira. A decisão agora fica para o plenário do Senado, que
decidirá a questão em votação secreta.
Nos bastidores da Casa, a fórmula apresentada por Demóstenes aos interlocutores
foi esta: ele tiraria licença do cargo por 120 dias - o que pode ser feito sem que o
suplente venha a assumir o posto - e depois renunciaria ao mandato, desde que
os senadores que têm lideranças sobre os colegas não trabalhassem pela cassação
. Enquanto isso, Demóstenes os procuraria, um a um, para dizer que não tem mais
condição de permanecer no Senado. E pediria a absolvição no plenário, onde a
votação é secreta. Se absolvido, garantiria seus direitos políticos e depois renunciaria.
Nos recados, Demóstenes fez chegar aos senadores uma sensação de arrependimento,
de que fora enganado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, durante os últimos anos. Com isso, achava que poderia convencer seus
ainda pares de que mereceria o perdão, com a garantia da renúncia ao mandato -
a perda dos direitos políticos só ocorre quando há a cassação ou o acusado renuncia
quando o processo já está aberto. Demóstenes contava com a decisão do Conselho
de Ética pela cassação, mas lutaria pela absolvição em plenário. Desse modo,
garantiria os direitos políticos.
Resistências
A negociação deu errado porque houve resistências por parte dos que foram
procurados. Aécio Neves teria respondido com um sonoro não a Demóstenes,
sob o argumento de que se sentiu traído pelo colega goiano. Em maio do ano
passado, Demóstenes pediu a Aécio que indicasse Mônica Beatriz Silva Vieira,
prima do contraventor, para o cargo de diretora regional da Secretaria de
Assistência Social em Uberaba. Aécio atendeu ao pedido e Mônica foi nomeada.
Conforme as informações de senadores, Demóstenes chegou a ir a São Paulo
atrás de Sarney, quando o presidente do Senado estava internado no Hospital
Sírio-Libanês. Mas Sarney não o recebeu. Demóstenes teria feito a viagem de
Brasília a São Paulo de carro, por ter receio de passar pelo constrangimento de
tomar um avião e ser reconhecido pelos passageiros.
Depressão
Durante o período em que planejou oferecer o pescoço em troca dos direitos
políticos, Demóstenes passou por períodos de depressão, segundo alguns senadores
que estiveram com ele. Tomou muitos remédios, teve dificuldades para dormir e
costumava entoar versos da canção "Tudo passará", do cantor Nelson Ned.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Prado, o Kakay, defensor de Demóstenes,
disse que as informações que circulam no Senado, de que seu cliente ofereceu a
renúncia em troca dos direitos políticos, não correspondem à verdade. "Isso nunca
ocorreu. Seria contraditório, porque a luta do senador é para assegurar a manutenção
de seu mandato no julgamento pelo plenário do Senado", disse o advogado.
aposta para assegurar seus direitos políticos e, assim, ter a chance de se
candidatar em eleições futuras. Pessoalmente ou por intermédio de emissários,
ele procurou nas últimas semanas algumas figuras-chave do Senado, como o
presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP); o líder do PMDB, Renan
Calheiros (AL), e o ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG), para oferecer
a própria cabeça em troca da absolvição.
Sem a presença de Demóstenes, o Conselho de Ética aprovou na noite de ontem,
segunda-feira, 25, o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) que pede a
cassação de Demóstenes por quebra de decoro parlamentar. Num relatório de 79
páginas, Humberto Costa disse que há provas "robustas" e manifestas" do
envolvimento de Demóstenes com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira. A decisão agora fica para o plenário do Senado, que
decidirá a questão em votação secreta.
Nos bastidores da Casa, a fórmula apresentada por Demóstenes aos interlocutores
foi esta: ele tiraria licença do cargo por 120 dias - o que pode ser feito sem que o
suplente venha a assumir o posto - e depois renunciaria ao mandato, desde que
os senadores que têm lideranças sobre os colegas não trabalhassem pela cassação
. Enquanto isso, Demóstenes os procuraria, um a um, para dizer que não tem mais
condição de permanecer no Senado. E pediria a absolvição no plenário, onde a
votação é secreta. Se absolvido, garantiria seus direitos políticos e depois renunciaria.
Nos recados, Demóstenes fez chegar aos senadores uma sensação de arrependimento,
de que fora enganado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, durante os últimos anos. Com isso, achava que poderia convencer seus
ainda pares de que mereceria o perdão, com a garantia da renúncia ao mandato -
a perda dos direitos políticos só ocorre quando há a cassação ou o acusado renuncia
quando o processo já está aberto. Demóstenes contava com a decisão do Conselho
de Ética pela cassação, mas lutaria pela absolvição em plenário. Desse modo,
garantiria os direitos políticos.
Resistências
A negociação deu errado porque houve resistências por parte dos que foram
procurados. Aécio Neves teria respondido com um sonoro não a Demóstenes,
sob o argumento de que se sentiu traído pelo colega goiano. Em maio do ano
passado, Demóstenes pediu a Aécio que indicasse Mônica Beatriz Silva Vieira,
prima do contraventor, para o cargo de diretora regional da Secretaria de
Assistência Social em Uberaba. Aécio atendeu ao pedido e Mônica foi nomeada.
Conforme as informações de senadores, Demóstenes chegou a ir a São Paulo
atrás de Sarney, quando o presidente do Senado estava internado no Hospital
Sírio-Libanês. Mas Sarney não o recebeu. Demóstenes teria feito a viagem de
Brasília a São Paulo de carro, por ter receio de passar pelo constrangimento de
tomar um avião e ser reconhecido pelos passageiros.
Depressão
Durante o período em que planejou oferecer o pescoço em troca dos direitos
políticos, Demóstenes passou por períodos de depressão, segundo alguns senadores
que estiveram com ele. Tomou muitos remédios, teve dificuldades para dormir e
costumava entoar versos da canção "Tudo passará", do cantor Nelson Ned.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Prado, o Kakay, defensor de Demóstenes,
disse que as informações que circulam no Senado, de que seu cliente ofereceu a
renúncia em troca dos direitos políticos, não correspondem à verdade. "Isso nunca
ocorreu. Seria contraditório, porque a luta do senador é para assegurar a manutenção
de seu mandato no julgamento pelo plenário do Senado", disse o advogado.
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