quarta-feira, 23 de maio de 2012

HERANÇA TUCANA


Republicado a pedidos

A Idade das Trevas





Capítulo I - A Precarização do Estado

A assunção do tucanato ao poder,
 em 1994, trouxe ao cenário político
 nacional não apenas FHC, com seu
 jeito melífluo e convincente de ser.
 Não. Trouxe um 
establishment político‑ideológico‑industrial‑corporativo‑colonial
 que assumiu os postos de comando
 do Estado com um apetite jamais
 visto! Como uma horda de 
nômades mongóis que chegasse 
ao conforto urbano, os tucanos
 plugaram suas ventosas sobre 
as instâncias decisórias e os cargos
 da República e passaram a sugar,
 para si e seus correlatos da
 iniciativa privada, os recursos do
 Estado com uma sanha que deixaria
 os velociraptors colonialistas da Era
 Bush, Wolfovitz à frente, corados
 de vergonha!
Como justificativa desse assalto 
ao aparelho do Estado, os tucanos
 precisavam de um imbricamento
 ideológico que lhes desse
 suporte teórico ao desmanche 
do conceito e das estruturas do 
Estado! Com Sérgio "Trator" 
Mota à frente, os ideólogos do
 tucanato criaram e difundiram à 
exaustão, via mídia domesticada 
e partícipe, a tese de que o
 Estado era ineficiente, perdulário
 e inepto! Em contraponto, 
surgiram os príncipes
 privatistas tucanos, personificados
 em Ricardo "No Limite da
 Irresponsabilidade" Sérgio e 
em Luiz Carlos Mendonça de Barros,
 afirmando que a salvação da lavoura 
e do Estado era o fim do próprio 
Estado! Eram os arautos do
 Deus Mercado, tatcheristas
 tupiniquins e temporões, que 
vinham para acabar com a farra
 do investimento público e com o 
papel regulador do Estado! Diziam
 abertamente que o Estado fazia
 mal até suas funções de regulador!
 E que, pasmem, para regular o
 mercado, nada melhor que o 
próprio mercado! É! Espantosa e
 criminosamente simples assim!
 E aí Deus (não o Senhor, mas o
 Mercado) criou as agências
 reguladoras! E viu que era 
bom! Muito bom! Principalmente
 para os amigos tucanos que 
passaram a comprar as empresas 
estatais a preço de banana
 na feira! E tome Embratel,
 Telebrás, Vale do Rio Doce! 
Com as agências definindo o
 quinhão de lucro que cada
 operadora privada deveria ter!
 E o lucro haveria de ser grande 
e duradouro, que ninguém era 
 besta de empatar dinheiro sem
 retorno! Enquanto isso, a 
escumalha (nós, a massa ignara)
 era bombardeada pela mídia com
 as notícias de que, agora sim,
 a coisa vai! Era o fim da Era Vargas!
 Era o começo do vintenário tucano
 na Terra Brasilis, profetizado 
por Sérgio Mota! Vivia‑se um 
clima de euforia anti‑estatista nas
 ruas! Servidores públicos eram 
execrados aos magotes, nas sessões 
de auto‑elogio do governo! Bresser 
Pereira bradava colérico: vamos 
acabar com a farra no serviço 
público (nunca se chegou a saber
 exatamente o tipo da farra)! 
Enquanto os privatistas avançavam 
sobre o espólio da Viúva, FHC, com
 frêmitos de gozo, recebia títulos
 de doutor honoris causam mundo afora!
Hoje, esse cenário parece impossível!
 Mas, à época não! Os falcões tucanos 
(um paradoxo insolúvel) estavam
 inebriados! Haviam descoberto a
 pólvora das fontes eternais
 do Estado! Só que esqueceram 
de um detalhe pequeno: o 
povo! Enquanto os formuladores
 tucanos pregavam na igreja 
do mercado que a extrema
 competência da iniciativa
 privada traria prosperidade e 
bonança para todos, apenas os
 diáconos tucanos e seus amigos
 financistas se davam bem! O 
povo, após a crise russa, desconfiava
 que havia caído num grande 
e bem contado conto‑do‑vigário!
 Num estelionato ideológico sem
 precedentes! O golpe no fígado 
veio com a eleição de 2002, 
com Lula! O uper cut no queixo 
veio com a reeleição de 2006!
O povo deu o seu recado claro e direto:
 ele é o dono do Estado e não aceita 
intermediários! Um segmento dos financistas
 e operadores insiste na agenda rejeitada 
pelo povo, na eleição! São os cabeças
‑de‑planilha, expressão cunhada por Luis
 Nassif para definir os yupizinhos com
 mestrado em Harvard, que ainda insistem
 em nos impor sua agenda nefasta! São 
os rebotalhos daqueles tucanos heróicos 
que pensavam em reinar 20 anos na cena
 política brasileira! Graças a Deus, deram com
 os burros n'água! A sociedade brasileira
 agradece‑lhes o fracasso! A Octaetéride 
tucana durou o tamanho exato da quase
 destruição do Estado! Que sirva de vacina
 e de contra‑veneno para o futuro!


 Igor Romanov
Alberto Bilac de Freitas

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